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Esta monografia conta uma extraordinária história: O vivenciar da realidade psicofísica de Clarinha, uma garota magricela cheia de complexos, por se apresentar diante dos seus pares, com um corpo frágil, mas rico de sentimentos e experiências sutis. Para entendermos e legitimar cientificamente as experiências que cercam esta jovem, e muitos outros seres humanos, conhecidos ou não, torna-se pertinente discorrer sobre os principais temas desta fenomenologia, objeto da nossa análise.
O historiador Arnold Toynbee (1935 apud Teresa Guerra, 2004, p. 28-59) fala da existência de uma minoria de pessoas que a cada dia está se voltando para o mundo da psique e do espírito [...] não são seres estranhos que aparecem agora [...] privilegiam as relações autênticas, a negociação, o diálogo e a partilha. Elas não aceitam ser enganadas, porque a sua ‘intuição’ capta facilmente as verdadeiras intenções das pessoas que com elas convivem.
Este grupo é considerado o fundador de uma nova civilização mais criativa, perceptiva e atenta aos fenômenos do sobrenatural. Entretanto, os seus integrantes são conhecidos como paranormais ou de uma geração ponte para outras dimensões do planeta Terra.
São os seres do novo milênio e da Nova Era[2] (nova energia), pessoas especiais, dotadas de grande sabedoria, e chamadas de “crianças índigos” por alguns estudiosos do tema. Elas representam uma geração com um grau de evolução espiritual bastante acentuada capaz de perceber o mundo e o Universo, exatamente como se apresentam cheios de mistérios.
Observam e detecta prévios acontecimentos, e situações “anos luz”, aparentemente impossível de ser percebido por pessoas comuns. Já nascem com os dons de prever, o que poderá ocorrer e vir a ser o planeta Terra, nos próximos dez anos. Isto porque, apesar de sensitivos, parece possuir dentro de si, uma espécie de ‘intuição’. Na íntegra, as concepções da estudiosa sobre a existência destas crianças.
Para entrarmos na Nova Era de Luz, temos de nos libertar do paradigma do tempo mecânico do calendário gregoriano, no qual tempo é dinheiro, voltando ao tempo natural em que tudo é arte [...] As novas gerações começam, assim, a rejeitar as anteriores, criando novas formas de olhar este planeta e de se ver nele. O tempo já não pode ser considerado em um plano linear - com passado, presente e futuro -, mas como um círculo, e a realidade passaram a ser a nossa própria crença. Elas trazem dentro delas um mandamento fortíssimo: não te deixes dividir em partes [...] Cura o planeta [...] Não adormeças (GUERRA, 2004, p.29-59).
De acordo com Guerra, os paranormais nasceram para habitar este planeta, mas com uma missão de transformá-lo em direção a evolução do “sagrado”. Agir, na construção de uma sociedade mais justa e próspera. Preocupam-se com os problemas sociais e manifesta uma dedicação toda especial para com a natureza e os animais. Surgiram em maior número, em 1980, e interagem conosco direcionando mudanças. Dotadas de grande visualização mental, costumam lidar facilmente com computadores, (o que tem sido difícil para alguns adultos acima de 60 anos) e por isso, são chamadas ao longo da sua existência de crianças tecnológicas.
Por definição uma criança índigo demonstra uma série de atributos novos e pouco habituais, com padrões de comportamentos diferentes do que estamos habituados a ver em outras crianças. “No entanto, é a primeira vez que o planeta assiste à chegada de consciências que trazem características diferentes do habitual e que agitam as culturas estabelecidas” (GUERRA, 2004, p.27).
A pesquisadora enfatiza ajudá-las porque elas tentam na medida do possível, contatos individuais e grupais, a fim de promoverem transformações pertinentes à espiritualidade e subjetividades. Dotadas de características psicológicas diferenciadas, como as de um artífice dinâmico e transformador, interagem com os seus pares, de modo consciente. E, sobrevivem na expectativa de encontrar respostas às inúmeras indagações sobre as sutilezas do seu existir ao perceber o mundo ao seu redor, tal qual ele se apresenta, nos diversos estados de crescimento humano e evolução espiritual.
Em sua ampla vivência desenvolvendo psicologia, Carl Gustav Jung considera que, através deste modelo comportamental de constantes interatividades com as outras dimensões, os paranormais têm como marca, a sabedoria de se tornarem, ao longo da sua história, os velhos mensageiros da paz, da alegria e da sabedoria universal. Detentores de poderes sobrenaturais interagem simultaneamente em duas dimensões, sem se desconectar da sua realidade psicofísica, enquanto enfrentam o desafio da expansão das suas consciências.
De acordo com ela, os paranormais apresentam grande sensibilidade para a música, artes e paisagens bucólicas grandiosas. Amam o sublime e o belo. Gostam das pinturas criativas e quando o fazem, apresentam desenhos exóticos ou com as conotações de um mundo surreal. Entretanto, ainda adverte que necessário se faz criar ambientes adequados, oferecer, a estas pessoas, momentos saudáveis e prazerosos: na escola, no trabalho e na família. Colaborar com eles para que realizem suas atividades diárias longe dos bloqueios, das discriminações ou das agressividades extremas do seu existir, considerando sobremaneira que os mesmos são dotados de um “perfil incomum”.
Isto porque, os paranormais possuem uma estrutura cerebral capaz de utilizar simultaneamente e com mais eficiência as potencialidades dos dois hemisférios cerebrais, o esquerdo e direito. E ainda conseguem ir muito mais além do plano racional e intelectual, desenvolvendo capacidades especiais, intuitivas e espirituais. Elas estão inclinadas para experiências subjetivas, transcendentais e têm um forte ‘poder de integração’.
Ciência Versus Paranormalidade
Afinal, o que é a paranormalidade? Onde encontrar fundamentos científicos para a existência destes eventos que envolvem a matéria, a mente e a alma? Quais são os episódios paranormais e como conceituá-los? Quais os riscos para saúde destas pessoas que vivem sem tratamento adequado? Porque elas precisam de tratamento?
A partir de Joseph Banks Rhine (1927), pioneiro nas experiências paranormais e recentemente Dean Radin (2008), do Institute of Noetic Sciences (Instituto de Ciências Noetic). Este abriu uma nova fase de pesquisas dos fenômenos considerados anômalos e apresenta uma análise científica das experiências psíquicas à luz de conceitos que envolvem o ‘entrelaçamento’ e a ‘interligação’, base da teoria quântica e da própria natureza do ser humano. Conseguiu introduzir a Parapsicologia dentro de um movimento científico, e pensa nesta mudança, como primordial.
De conformidade com as nossas pesquisas sobre os ‘fenômenos anômalos’, ficou compreendido que, o vivenciar das experiências paranormais é comumente chamado de Percepções Extra Sensorias (PES). São eventos ricos de emoções misteriosas, experienciadas em que alguém sabe de algo sem que este ‘vivenciar sutil’, tenha passado por qualquer viés normal de aquisição dos sentidos.
A psiquiatra Elizabeth Mayer[3] (2009), exímia pesquisadora dos fenômenos anômalos, pontuou que há três possíveis posições dos cientistas que podem ser adotadas em relação à existência das PES. A primeira trata-se do posicionamento dos cientistas ortodoxos; eles dizem que as PES não existem. O segundo refere-se a verdadeiros ‘crentes’, acreditam que as PES são reais, e que ainda pode ser contextualizada e cientificamente comprovada. Para o terceiro posicionamento, as PES são reais, mas pertencem a um universo mental demasiado fluído e evanescente para caber dentro dos rígidos protocolos da experiência científica da mente controlada.
Trata-se de transições que se estabelecem entre o plano do processamento mental inconsciente - como entendido pela psicologia contemporânea, pela neurociência e pela ciência cognitiva - e o plano das dinâmicas físicas intangíveis, que campos como o da física quântica estão começando a explorar (MAYER, 2009, p.22).
Quando os cientistas se colocam numa posição de ‘ser pensante’, preferem não acreditar em nada que não se baseie em provas concretas e/ou em conceitos cientificamente não comprovados. Contudo, esta cientista prefere romper um silêncio imposto pelo medo, de observar e de investigar uma fenomenologia considerada inexplicável, pois os fragmentos apresentados diante dela são considerados apenas relatos de casos, e por isso não têm comprovação segundo os ditames estabelecidos pela ciência.
Para Mayer, alguns cientistas ainda se mostram céticos em relação a estes relatos sobre as PES. De qualquer modo, entendemos que os sonhos, visões, premonições e outros eventos do gênero continuam eclodindo diante do mundo, e do universo. Entretanto observa-se que estes fenômenos sutis envolvem a mente humana, ultrapassam os preceitos da ciência e sobrevivem.
O conhecimento extraordinário como passei a acreditar, pode não ser extraordinário, afinal de contas, mas parte de um conhecimento comum que simplesmente não sabemos explicar. Se isso for verdade, podemos começar a difundir em nosso mundo uma visão diferente, radicalmente mais esperançosa em relação ao nosso futuro (MAYER, 2009, p.23).
A estudiosa descobriu que as PES existem, durante quatorze anos de pesquisas junto à sua clientela em Berkeley, Universidade da Califórnia. Compreendeu também que o mundo das anomalias mente/matéria, como ela própria pontuou, é objeto de várias pesquisas, porém todas elas se apresentam com resultados de baixa qualidade. Motivo pelo qual ainda não foram avaliados e contextualizados, à luz da ciência. Contudo, na medida em que ela se aprofundou nas investigações do psiquismo humano dos seus pacientes, resolveu torná-las públicas. Veremos no próximo tópico, algumas destas publicações.
Mayer procurou estabelecer um novo nível de diálogo entre a ciência e o espírito quando resolveu estudar o pressentimento exacerbado de seus clientes nas premonições e/ou outras percepções do gênero. Concluiu que estes eventos são fenômenos vivenciados nos relacionamentos diários, através de relatos de pessoas consideradas ‘estranhas’, mas que durante o seu existir, exercem suas tarefas com inteligência e vontade. De fato, somente a partir daí, a estudiosa rompeu com os velhos paradigmas e conseguiu superar aquele silêncio imposto pela ciência, quando negligencia a existência desta fenomenologia, e com todas as dificuldades geradas por ela. Neste contexto outra visão cientifica sobre a fenomenologia paranormal digna de ser apreciada.
A mudança dos velhos paradigmas para os novos, em que o mundo e o Universo cresçam juntos em profunda sintonia com o Cosmo, torna-se fundamental para a evolução do ser humano. Atentar para os novos paradigmas significa dizer: “essas pressuposições estão de tal modo integradas em nós que temos dificuldades para nos afastarmos dela o suficiente para podermos comentá-la. Não pensamos nessas pressuposições - pensamos com base nela” (BARBARA ANN BRENNAN, 2006, p.12). Então, sem se deixar desqualificar na sua essência individual e profissional, e nem trilhar pelas veredas impostas por uma sociedade que critica, discrimina, aliena e negligência todo e qualquer tipo de ações voltadas para a fenomenologia paranormal, Mayer não desistiu de querer entender as sutilezas do mundo e do Universo. Daí compreendemos que ao vislumbrar durante a sua trajetória de vida essas anomalias a estudiosa contribuiu de certa forma para elevar o patamar desta fenomenologia nos mundo das ciências.
De qualquer sorte, comprovar a existência das PES, ainda carece de fundamentações e formalismos consubstanciados cientificamente. Ao longo da história dos relatos das PES, verificaram-se inúmeras tentativas de prová-las segundo normas da ciência. Na íntegra alguns exemplos.
Em 1903, foi publicado um livro The Human Personality and its Survival of Body Death (A personalidade humana e sua sobrevivência do Corpo de Morte) escrito por F.Myers que chamou a atenção de vários estudiosos do tema paranormal; trata-se de um compêndio que explora a região subliminal (o inconsciente) da personalidade, em termos psicológicos como podemos observar.
A personalidade humana é composta de dois fluxos coerentes de pensamento e de sentimentos. Aqueles situados acima do limiar da consciência eram considerados supraliminais e os que permaneciam submersos na consciência eram subliminais. As evidências indicativas sobre esse reino subliminal derivam de fenômenos denominados de ‘escritos automáticos’, ‘múltiplas personalidades’, ‘sonhos’ e ‘hipnose’.
Em 1934 o cientista Rhine, publicou a monografia Extra-Sensory Perception (Percepção Extra-Sensorial), onde analisa várias experiências sutis. Aquelas em que a mente é conduzida e/ou orientada para gerar resultados sobre um objeto material, sem exercer qualquer tipo de influência direta sobre ele. Seu objetivo foi o de contextualizar as percepções paranormais à luz da ciência.
A partir dessas pesquisas, realizadas ao longo de sete anos na Duke University, nos Estados Unidos, adotando um tratamento estatístico para estudar a paranormalidade, Rhine concluiu que estes eventos não podem ser explicados sob a égide da causalidade. De qualquer sorte, este tipo de tratamento acabou sendo corroborada pela comunidade da Matemática Estatística, no ano de 1937, e em 1969 a prestigiada Associação Americana para o Progresso da Ciência e a Associação Parapsicológica, reconheceu que a paranormalidade abrange situações sobre um objeto material, sem exercer qualquer influência direta sobre ele.
Então, quando nos reportamos aos tratamentos estatísticos, realizados por acadêmicos há cerca de 80 anos, para perscrutar o véu da fenomenologia paranormal, (envolvimento mente e matéria), os registros pesquisados mostram que estas ações pretendidas por eles, e na presente contemporaneidade, ainda não foram contextualizadas cientificamente a termo.
Por sua vez, Jung (2007) empenhou-se na busca de decodificar, à luz da ciência, os eventos subjetivos. Dotado de grande interesse pelos temas da paranormalidade, ele procurou estudála e pesquisá-la de modo particular, vivenciando os episódios em si mesmo e/ou assistindo-os em seus pacientes, em Zurique.
Sabendo que, os eventos paranormais são fenômenos únicos ou raros, que ocorrem independentes da vontade do ser humano, intuiu que as PES projetadas, não poderiam ser limitadas pelas fronteiras do espaço e do tempo conforme as evidências empíricas.
Este é um dos motivos pelo qual a metodologia científica experimental, ainda não considera os eventos paranormais, tal como as ocorrências de fenômenos quânticos e eventos sincronísticos, que são considerados acausuais. O termo acausal é aplicado à ocorrência de causa não conhecida. “Causalidade e acausalidade se referem apenas a fenômenos que se expressam no espaço e no tempo” (CAMPOS, 2008, p.2-3).
Deste modo, os eventos paranormais não podem ser considerados pela ótica da causalidade, pois a causalidade pressupõe a existência de espaço e tempo. As teorias científicas validam, apenas, a repetição de acontecimentos com certa regularidade e, desta forma fogem desta ‘validade’ os acontecimentos paranormais. De acordo com estas concepções se expressa Ricardo Chequer Chemas, (2008, p.20), médico clínico, psiquiatra e cientista brasileiro: “Em Ciência, uma hipótese só é válida se for testável, isto é, se for possível, se for posto a prova através de um experimento-chave que a confirme ou que a invalide”.
Dentro da concepção acima referida, observem os relatos de um estudioso destes fenômenos sutis:
Definitivamente as ocorrências desses fenômenos paranormais não seguem qualquer ordem de previsibilidade e produtividade necessárias a uma abordagem científica e, sim se caracterizam por exibirem uma natureza acausal. Este fato por si só, expressa a dificuldade para uma abordagem através de uma teoria ou modelo científico. De todo modo, é preciso considerar o aspecto dessa fenomenologia (CAMPOS, 2008, p.1).
Logo, a paranormalidade não pode ser previsível e nem reprodutiva para que se possa submeter um paranormal à prova e/ou a “experimentos-chave”, pois quando os eventos ocorrem, não apresentam sinalizadores, eles simplesmente ocorrem, em qualquer dia e em qualquer lugar do mundo.
Em 1905 o francês e fisiologista Charles Richet agregou processos investigativos da paranormalidade à Metempsicose, uma doutrina segunda a qual, uma mesma alma pode reanimar de modo incessante corpos diversos, homens, animais e /ou vegetais. A história desta teoria foi dividida em quatro períodos de tempo.
No primeiro momento, o fisiologista classificou os relatos extras sensoriais como míticos (misteriosos). No segundo, considerou a hipótese de Franz Anton Mesmmer, de que todos os planetas são dotados de carga magnética e costumam afetar consideravelmente o psiquismo dos seres humanos. Mesmmer foi um cientista que passou a tratar as alterações psíquicas e as de natureza física dos seus pacientes, levando em consideração esse magnetismo, a exemplo do sonambulismo, que foi tratado pelo fisiologista levando em conta aspectos acima referido.
Já no terceiro período, Richet colocou em pauta os registros da espiritualidade. Neste caso, baseou-se nos eventos vivenciados pelas irmãs (Fox, Margaretta, Leah e Kate), cujas experiências sutis ocorreram numa casa de campo. Segundo os escritos do cientista, duas delas, passaram a se comunicar com uma entidade invisível que se manifestava através de “toques sonoros” em qualquer objeto sólido. As investigações destes episódios (considerados incomuns) não evidenciaram, a princípio, que foram eventos fraudulentos.
O quarto período se estende até os nossos dias, o período da contemporaneidade, cujas buscas pretendem legitimar os eventos paranormais, de acordo com as teorias do conhecimento.
Curiosamente, naquela época a fenomenologia paranormal sempre despertou a atenção de físicos reconhecidamente importantes. Entre eles Lord Raleygh, J.J.Thomson e Oliver Lodge, que integraram a Society for Psychical Research[4] (Sociedade de Pesquisas Psíquicas).
Atualmente vários cientistas, a exemplo de Dean Radin e Brian Josephson, da Universidade de Cambridge, Inglaterra e do Prêmio Nobel de Física, em 1973. Eles dedicam-se a formular uma abordagem conectando a mente e a matéria, sem, todavia, chegar a um denominador comum.
Um dos grupos mais avançados, na perspectiva paranormal, encontra-se na Universidade de Princeton, Estados Unidos. Lá, foi criado, em 1979, o Program Engineering Anomalies Research[5](Programa de Engenharia de Pesquisa de Anomalias, PEAR) sob a responsabilidade do físico Robert Jahn, então diretor da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas.Este programa tornou-se um dos mais importantes centros investigativos, realizando testes rigorosos sobre a interação da consciência humana com dispositivos, sistemas e processos físicos sensíveis que são comuns à prática contemporânea de Engenharia. O laboratório de estudos parapsicológicos reúne engenheiros, físicos, psicólogos e humanistas na condução de uma agenda significativa de experimentos e desenvolvimento, complementar de modelos teóricos capazes de tornar mais compreensível o papel da consciência na descrição do que é a realidade física.
A parte mais substancial dos experimentos, realizados neste laboratório, refere-se à interação ser humano-máquina e aos fenômenos de percepção remota. No primeiro caso, o operador humano tenta adivinhar os resultados de uma variedade de dispositivos (mecânicos, eletrônicos, óticos, acústicos e fluidos) com o propósito de conformá-los à intenção previamente estabelecida, sem recorrer a qualquer influência física conhecida. Na outra situação, procura-se avaliar a habilidade humana em adquirir informações acerca de objetos geográfico espacial e temporalmente distantes, os quais são inacessíveis às condições sensoriais normais (CAMPOS, 2008).
A partir da segunda metade do século XX, a investigação científica paranormal passou a contar com apoio financeiro expressivo, de governos da Rússia e dos Estados Unidos, com propósito militar de suas aplicações. Mas, compreende-se que pesquisas importantes nas Universidades destes países e na Alemanha, Áustria, Holanda, Grã-Bretanha e na Argentina, no Instituto de Psicologia Paranormal, ainda não produziram resultados satisfatórios.
A bibliografia brasileira contém depoimentos de pessoas altamente gabaritadas, como médicos psiquiatras, físicos e cientistas renomados, que já se preocuparam e continuam se preocupando com a existência destas sutilezas, apesar deles não se enquadrarem com os formalismos da ciência. Entretanto, existem nas academias algumas teses que abordam o tema da paranormalidade, na USP, PUC-SP e na UNICAMP.
Vale ressaltar os debates, pesquisas e ciclos de estudos que já estão sendo realizados em alguns espaços do mundo e notadamente em instituições acadêmicas, a exemplo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde o professor e Doutor em Ciências Física Hélio Silva Campos coordena um grupo de estudos sobre a Realidade Psicofísica, cuja agenda é despertar nos participantes o interesse pelas questões fenomenológicas, quânticas e psíquicas para revolucionar aspectos da mente e da matéria. Estes encontros já refletem o progresso das pesquisas de opiniões sobre a fenomenologia paranormal.
Deste modo, compreende-se que, para se contextualizar esta fenomenologia, é necessário ter uma mente aberta. Coragem e persistência para adentrar nos reinos do psiquismo humano, levando-se em consideração as conexões mente-matéria. No grupo da UFBA, por exemplo, já é possível se observar estes interesses por ocasião das reuniões de estudos levadas a efeito naquele espaço.
Definitivamente, a ciência ainda apresenta resistências profundas para uma contextualização e reconhecimento da fenomenologia, tida especulativa. Ela persiste, insiste e não desiste de manter as suas reservas em relação à fenomenologia paranormal. Continua no mesmo patamar de antigamente, cujas ações permanecem em ritmo de espera e com as mesmas características do passado, ou seja, grupos com abordagens anômalas e conotações especulativas.
O ser humano e a ciência precisam entender que estes eventos, mesmo que sejam de natureza abstrata, incontroláveis e irreprodutíveis, a níveis de uma avaliação científica, não possam alterar um modelo científico ou uma teoria supostamente normatizada e bem estabelecida, na comunidade acadêmica.
E isto é algo natural se lembramos de uma citação de Max Born, um dos pioneiros da teoria quântica, “a metafísica de uma era é a ciência da próxima” (BORN apud CAMPOS, 2008, p.7).
A Paranormalidade em Sociedades Aborígenes
Nos primórdios da antiguidade o ser humano procurava entrosar realidades sensoriais às vivências interiores. Haja vista que nas civilizações mais antigas estas ocorrências inspiraram conotações de elementos teleológicos, isto é, um sinalizador do por vir. São inferências empíricas de uma onipresente totalidade, mas que trazem significados empíricos. E esse desejo se faz sentir no início das culturas pré-históricas até os nossos dias.
Então, na história das sociedades, dos povos antigos, os relatos encontrados sobre as percepções extras sensoriais, pontuam a existência destes fenômenos que transcendem os modelos estabelecidos pelas teorias do conhecimento. Aqueles povos possuem uma maneira peculiar de se relacionar com o mundo ao redor, concebendo a existência de seres anímicos que interagem com os seres humanos.
Este animismo decorre de uma crença numa força espiritual permeando todas as expressões físicas da natureza. A comunicação com essa transcendência é atribuída às pessoas sensitivas (paranormais), as quais recebem e interpretam informações sobre o cotidiano de cada povo. Essas pessoas são denominadas de xamãs ou sacerdotes. Somente os xamãs têm a capacidade de comunicar-se com este mundo sutil através de sonhos, visões e transe, na qual possibilita explorar novos planos de existência.
Entre as maneiras para superar o estado normal da consciência e adentrar no reino misterioso do inconsciente, os xamãs utilizam-se longas sessões de tambores, danças, meditação e ioga. Neste estado alterado da consciência, o xamã revela-se extremamente sensível parecendo libertar-se da realidade cotidiana. Há um consenso que os xamãs, neste estado de êxtase, vivenciam a unidade cósmica podendo também diagnosticar doenças, fazer previsões, ver objetos distantes e falar com espíritos de mortos.
Na antiga Mesopotâmia, por exemplo, onde se supõe que foi gerada a primeira civilização, existiam pessoas dedicadas à arte de previsão. Os sacerdotes profetizavam os eventos pelo murmúrio de uma nascente de água, pela formas das plantas, usando vísceras de animais, fogo, fumaça, o brilho de pedras preciosas, etc. Para esse povo, nada era acidental, tudo tinha um sentido, um significado. Isto porque, eles viam uma unidade na natureza e uma harmonia no universo conectando todos os objetos e eventos oriundos do sobrenatural (CAMPOS, 2008).
Parece natural considerar que as visões inatas, características de sociedades primitivas, são uma herança da humanidade, que tem sido preservada nas mais variadas formas em todas as culturas. Assim sendo, os fenômenos misteriosos que as pessoas vivenciam atualmente, à moda dos povos antigos, ainda estão sendo relacionadas à existência de entidades, fadas, visões e outros fenômenos do gênero, dando origens às concepções que ainda acreditam tratar-se de eventos oriundos do sobrenatural.
Contudo, no mundo contemporâneo, estes mesmos eventos já estão sendo estudados cientificamente no campo da Parapsicologia. Os resultados destas pesquisas demandam algum tempo para se estabelecer um novo entendimento sobre esta realidade, por se tratar de uma fenomenologia que envolve a mente e a matéria.
Peculiaridades da Paranormalidade
Para termos um entendimento mais profundo e maiores esclarecimentos sobre a paranormalidade é pertinente discorrer quais são os eventos extra-sensoriais que os paranormais processam no seu do dia-a-dia, assim como, a definição de cada um deles.
Como já relacionamos, a percepção extra-sensorial consiste na aquisição de informações por outros meios que os conhecidos canais sensoriais. As experiências que ocorrem com os paranormais podem ser; viagens astrais, sonhos recorrentes, premonições, telepatia, clarividência, clariaudiência, precognição, telecinese ou psicocinese.
Viagens Astrais (Projectologia ou Desdobramento Mediúnico): Neste caso, há dois fenômenos interligados entre si. No primeiro momento, dar-se-á uma visão intuitiva do que virá a ser o evento. No segundo, há um desdobramento puramente consciente, ou seja, a consciência e o espírito deslocam-se para fora do corpo físico. O paranormal, sob o efeito de um desdobramento mediúnico, é capaz de reproduzir todos os detalhes do ambiente que foi visitado por ele na manhã do dia seguinte;
Sonhos Recorrentes: Nestes casos os eventos se manifestam várias vezes no existir de um paranormal, podendo ocorrer em estado de vigília e/ou durante o sono, cujo enredo das mensagens costuma ter os mesmos significados.
Premonições: Estes episódios significam os sentimentos de que algo vai acontecer com alguém do nosso relacionamento, como, por exemplo, um parente ou amigo. O pressentimento dar-se-á no momento exato em que acontece o evento.
Telepatia: Este evento paranormal costuma envolver a comunicação entre duas mentes por meios não usuais, dando origem às ‘transferências de pensamento’.
Clarividência: É a aquisição de informes sutis de locais inacessíveis aos canais sensoriais normais, antes mesmo que eles aconteçam no espaço/tempo.
Clariaudiência: Uma manifestação de outras dimensões clara e evidente na qual o paranormal costuma ouvir claramente o teor das mensagens sutis, de modo espontâneo. - Precognição: Conjunto de pressentimentos misturados de visões simbólicas, capaz de influenciar e/ou anteciparem um acontecimento.
Telecinese ou psicocinese: São manifestações com uma carga intensa de energia e que é capaz de possibilitar a mente humana influenciar objetos, através de movimentos físicos inexplicáveis.
Compreende-se que a intenção dos estudiosos do tema é criar um marco sinalizador da transformação dos paradigmas em torno das PES. Para isso, os cientistas se agregam em três abordagens, cujos objetivos são investigar estes eventos acima descritos como paranormais. A primeira abordagem estuda é a ‘premonição’, quando esta atravessa o tempo para o futuro; a ‘telepatia’ e a ‘clarividência’. A segunda abordagem refere-se à ‘telecinese’, que estuda a influência direta da mente sobre objetos materiais. Já a terceira, é responsável por estudar a sobrevivência da consciência sem o corpo, que se trata de relatos sobre ‘reencarnação’ e experiências de ‘quase - morte’.
Experiências de um Mundo Extra-Sensorial
Pretendemos na íntegra deste texto expor as experiências sutis de algumas personalidades do mundo da ciência, tanto do passado, quanto da contemporaneidade. E, igualmente de pessoas conhecidas como paranormais, como é o caso de Clarinha. De certa forma, as descrições das mesmas têm por objetivo mostrar, aos leitores e a comunidade científica, que estes episódios estão espalhados ao redor do mundo e envolvem milhares de pessoas mais do que pensamos.
Neste contexto iniciaremos pelas descrições dos relatos de Mayer. Uma experiência na família, que diz respeito à recuperação da harpa de sua filha, que desapareceu em Oakland, na Califórnia, por ocasião de um evento musical. Foi sugerida, por uma amiga, a procurar um rabdomant[6]. Ela acatou a sugestão, e de bom agrado contratou de imediato o profissional de “achados e perdidos”, com o objetivo decidido de recuperar aquele instrumento musical.
Com o poder de uma varinha de madeira e com o auxílio de um mapa da cidade, o contratado conseguiu localizar a harpa perdida, lá mesmo na Califórnia. E assim se expressou: “Bem, eu localizei a harpa”, anunciou. “Está na segunda casa do lado direito da rua D, pouco depois da avenida L” (MAYER, 2009, p.16). Ela insistiu nas buscas e lá encontrou a harpa exatamente na casa anunciada pelo rabdomant. Minutos depois o instrumento estava na bolsa dela, íntegro e seguro.
A partir deste acontecimento alguns aspectos no seu modo de viver mudaram. Um leque se abriu a ela, e descobriu que ainda é possível encontrar objetos perdidos com o auxílio de uma varinha de madeira, via rabdomant. E enfatiza:
Quando uma crença é mantida, mesmo enfrentando esmagadoras evidências em contrário, nós a chamamos de superstição. Segundo esse critério, a superstição mais egrégia dos tempos modernos, talvez de todos os tempos, é a crença ‘científica’ da não existência dos fenômenos psíquicos (THOMAS ETTER apud RADIN, 2008, p.44).
Para completar este pensamento pela coisa do sobrenatural, entende-se que o Universo não está sozinho, pelo contrário, “o Universo está começando a se parecer com um grande pensamento em vez de uma grande máquina” (SIR JAMES JEANS apud RADIN, 2008, p.149).
Noutras ocasiões, a estudiosa acima referida, contou com o apoio de vários médicos, colegas seus, que de bom grado, relataram suas experiências sutis e igualmente dos seus pacientes, as quais serviram de sustentação para as suas pesquisas sobre a fenomenologia paranormal.
Um deles, em certa ocasião, num congresso de medicina, apresentou de modo espontâneo sua história extraordinária. A de uma pessoa que desenvolveu um câncer ósseo, que o deixara profundamente deprimido. Como se tratava de um corredor de maratonas, o alívio das suas dores só acontecia depois que corria. E revelou: “Uma sensação de luz clara suave, como se a luz penetrasse nos meus ossos, como se a luz e o ar se injetassem em cada osso. Eu a vi (a luz) penetrando os ossos até a medula” (MAYER, 2009, p.19).
Nos exames seguintes, o médico relatou o sucesso na evolução da sua enfermidade para melhor, visto que os exames de Raios-X não mostraram nenhuma anomalia. De acordo com os colegas médicos, aquela luz expulsara a enfermidade e como consequências disso as células cancerosas pereceram. E para surpresa, seus colegas médicos e psicanalistas passaram a contar os casos dos seus pacientes envolvendo essas anomalias que atingem a mente e a matéria. “Casos que faziam pouco sentido para mim e para eles”. E com o passar dos anos as histórias desses episódios foram fluindo através de ‘e-mails’, correios, conferências, seminários e outros informes do gênero. E, para complementar esta jornada de eventos, acrescentamos mais dois relatos de outro colega seu a respeito de seus clientes: “A minha paciente entrou e, de pronto, eu soube que sua mãe falecera sem nada que indicasse o fato. Eu simplesmente soube”. E o outro: “Acordei no meio da noite como se tivesse ouvido um tiro; no dia seguinte descobri que foi exatamente no momento em que a minha paciente apanhou um revólver e tentou se matar” (MAYER, 2009, p.19).
Foram estes alguns dos relatos importantes que chegaram até Mayer e que fizeram com que o seu mundo familiar e do pensamento nacional virasse pelo avesso. Sem nada a temer, soma-se a esta pesquisa os inúmeros depoimentos de Jung, que relata fatos inéditos para a sua época sobre as PES. Esses fatos revelam que ele vivenciava experiências desta natureza.
Na íntegra um depoimento de Djalma Argollo (2004, p.114), terapeuta holístico e palestrante espírita: “Para Jung, a relação médico-paciente pode levar ao acontecimento de fenômenos paranormais, desde que intervenha uma transferência ou uma identificação, entre eles, pois muitas vezes aconteceram fenômenos do tipo citado, entre ele e seus pacientes.
Complementando o pensamento de Argollo sobre as coisas do sobrenatural, ficou compreendido que a sensibilidade exacerbada de Jung fazia perceber os problemas físicos e psíquicos da sua genitora, bem como de outras pessoas:
Reconheço em mim também algo dessa natureza arcaica (a natural mind). De minha mãe herdei o dom, nem sempre agradável, de ver homens e coisas tais como são. Naturalmente posso enganar-me redondamente quando não quero reconhecer algum detalhe, mas no fundo sempre sei do que se trata. O ‘conhecimento real’ está ligado a um instinto, a participation mystique com o outro. Poder-se-ia dizer que é o ‘olhar mais profundo’ que vê, num ato impessoal de intuição (JUNG, 1997, p.56 apud ARGOLLO, 2004, p. 62).
Jung teve uma experiência paranormal aos oito anos de vida quando sofreu intermináveis problemas de saúde, por estar infectado com pseudocrupe[7], seguido de intensa sufocação. As crises de pseudocrupe quase sufocaram Jung, o qual fora assistido pelo pai. No auge da crise assim se expressou de acordo com a sua visão sutil: “círculo azul-brilhante do tamanho da lua cheia e onde se moviam formas douradas que eu tomava por anjos pairava sobre mim” (ARGOLLO, 2004, p.34).
De acordo com o terapeuta acima referido, as crianças costumam apresentar facilidades de perceber fatos transcendentais às sensações ordinárias no seu modo de perceber a vida. Estes fenômenos podem ser considerados como a capacidade natural de uma pessoa interagir com esses fatos sutis. Um tipo específico de paranormalidade, cujos detentores destes dons são definidos exatamente assim:
Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os espíritos. Existem os que possuem esta faculdade no estado normal, quando estão perfeitamente acordados e dela conservam uma lembrança exata: outros não a têm senão em estado sonambúlico ou vizinho ao sonambulismo (KARDEC, 1972, p.167 apud ARGOLLO, 2004, p.35).
Jung relata em suas memórias outras experiências sutis quando a cristaleira da sua casa foi submetida a um efeito psicocinético, ou seja, estilhaçou os vidros, e, em outra ocasião em que, uma mesa de carvalho e uma faca de aço resistente foram partidas ao meio, sem que fossem expostas a qualquer esforço humano.
Mais uma experiência que atesta uma vivência no mundo extra-sensorial de Jung: em uma de suas viagens para realizar conferências científicas e ao término de umas delas, adentrou no hotel por volta da meia-noite, jantou e conversou um pouco com os amigos. Em seguida, resolveu ir dormir, mas não conseguia conciliar o sono. Horas depois, ele acorda por volta das duas da madrugada sob a ação de um evento premonitório:
Acordei espantado persuadido de que alguém viera ao meu quarto; tinha também a impressão de que a porta se abrira precipitadamente [...] ‘estranho’, ‘pensei’, alguém entrou no meu quarto! Procurei avivar minhas lembranças [...] acordara com uma sensação de uma dor surda como se algo tivesse ricocheteado em minha fronte e em seguida tivesse batido na parte posterior do meu crânio (JUNG, 2006, p.172).
No dia seguinte a este evento, o próprio Jung interpretou a sua vivência e intuiu que o episódio que ocorreu naquele hotel foi considerado por ele um verdadeiro caso de sincronicidade. Quer dizer, foi a premonição da morte do seu paciente (JUNG, 2006).
De acordo com o caminhar sutil, consideramos de suma importância registrar algumas considerações sobre a paranormalidade de Wolfgang Pauli, um dos físico mais criativo e pioneiro da teoria quântica.
Pauli foi aquinhoado durante o seu existir por uma série de sonhos, fantasias e visões que ainda desafiam a compreensão dos ditames estabelecidos pelas teorias do conhecimento. Ele acreditava que os sonhos, fantasias e coisas do gênero, continham um aspecto parapsicológico, uma terminologia muito familiar (como supuração isotrópica, estrutura fina, corpos ressonantes, núcleo radioativo, etc.) expressando analogias com fatos psíquicos que apenas vagamente poderia conjeturar.
Sem conseguir vislumbrar uma maneira de fazer uma associação de tais manifestações psíquicas a aspectos do mundo real, Pauli observou que a natureza não espacial e não temporal, caracterizam-se o novo mundo psíquico, pareciam conflitantes diante das ocorrências parapsicológicas no cenário do espaço temporal. Até encontrar Jung, ele não percebeu qualquer sinal ou simbologia teleológica em suas vivências sutis.
Campos (2008) encontrou documentos que datam de 1934, nos quais Jung abordou a temática das subjetividades, com um artigo de sua autoria intitulado “A Alma e a Morte”. São conteúdos científicos onde o psiquiatra pontua que a limitação da consciência no espaço e no tempo é como uma realidade “assoberbante” (abarrotada); tal que, todas às vezes quando esta verdade fundamental é quebrada, dá-se como um evento da maior importância teórica, atestando que a barreira do espaço-tempo pode ser anulada. Significa dizer que a psique age como um fator de anulação, porquanto o espaço-tempo está associado à mesma, como uma qualidade relativa e condicionada. Esta interpretação serviria ao objetivo de Pauli.
Compreende-se que Pauli resolveu avaliar suas experiências subjetivas utilizando como fundamentação os conceitos da Física. No caso, categorizar os estados alterados de consciência, que ocorrem com a participação da psique coletiva (o inconsciente), simbolizando oscilações, i.é; frequências e ritmos.
E, assim, enquanto um ser humano dotado de uma personalidade incomum, Pauli se destacou como exímio construtor mental de idéias lógicas, rápidas e precisas, durante o percurso da sua existência. Nos documentos históricos pesam os relatos das manias e velhos hábitos deste cientista, de criticar o trabalho dos seus colegas a ponto de ter tido vários apelidos como ‘língua ferina’, ‘chicote de Deus’ e ‘a consciência da Física’.
Contudo, diante de todos os relatos pertinentes à sua vida, o que mais impressionou seus correligionários, foi um evento que sempre ocorria quando ele adentrava num laboratório, incrivelmente o experimento em realização resultava fracassar. A essa misteriosa ocorrência ficou conhecido como “efeito Pauli”.
Em Dezembro de 1947, Jung faz um convite a Pauli, o de aceitar ser o paraninfo do Instituto Carl Gustav Jung, criado pelos seus discípulos. De bom grado ao convite, Pauli assim se expressa em carta dirigida ao psiquiatra. “Para mim, a maneira como que o seu propósito de pesquisa e a alquimia coincidem, é uma evidência séria de que está sendo desenvolvida uma fusão entre a psicologia e a experiência científica dos processos no mundo físico material” (CAMPOS, 2008, p.1).
Perante os fatos que se desenrolaram na festa de inauguração do Instituto, em 14 de Abril de 1948, ocorreu um fenômeno provocado pela presença do físico naquele espaço: tão logo Pauli adentrou ao ambiente caiu de modo inexplicável, um vaso que ornamentava o local do evento, derramando a água e esparramando as flores por todo piso. O espaço ficou relativamente tenso por causa do episódio.
Contudo, para aqueles que conheciam o poder energético do cientista, o incidente não causou nenhuma surpresa. Diante deste fato e do ângulo da parapsicologia, entende-se que se trata de um exemplo típico de psicogênese (energia intensa), um efeito notadamente ligado à sua presença em determinados lugares e situações. Após os relatos de experiências paranormais vivenciadas por pessoas leigas e/ou da ciência, agora registramos na íntegra deste texto, as experiências de Clarinha - o objeto da nossa análise.
Entendemos que as suas experiências apresentam similaridades com os episódios de Pauli, de Jung e com milhares de outras pessoas, as quais como eles, vivenciam esses processos sutis ao longo das suas existências sem, todavia, contar com a compaixão e um olhar científico para as questões que envolvem as conexões mente/matéria. E neste caminhar Clarinha se deixa testar como um “modelo”, como faz a ciência ao pesquisar um “dado inacabado”, a exemplo da paranormalidade, sem ‘medições e/ou definições’ para as teorias do conhecimento. O que para muitos possa ser talvez um sonho impossível, para outras pessoas, poderá vir a ser um forte desejo de querer perscrutar os mistérios de uma paranormalidade bem ou mal conduzida.
Certa ocasião, Clarinha vivenciou um evento muito estranho que a deixou fortemente sensibilizada. E assim se expressou, em seu Diário: Numa manhã de sol, resolvi preparar omeletes de frango para complementar o almoço da família. Em parceria com a minha auxiliar doméstica, preparei o recheio, como de costume, e separei os ovos já batidos, em ponto de neve. Achei por bem separar o frango desfiado, num vasilhame plástico que se encontrava dentro de um armário da cozinha. Nesse inter abri o móvel e durante uns dez segundos fiquei a contemplar um vasilhame plástico compatível com minha necessidade. Em seguida, fechei as portas do armário e passado um tempo equivalente há cinco segundos, todos os presentes ouviram um estampido ensurdecedor, similar a um tiro de revólver, oriundo do interior do móvel. Mediante o ocorrido, procuramos localizar a origem do estampido e eis que de repente, encontrei dentro do móvel, os estilhaços de um prato de vidro importado, que foi fortemente atingido pela energia intensa que se projetou no ambiente. A curiosidade dos presentes foi tamanha a ponto de questionarem o que poderia ter acontecido naquele momento (CLARINHA, 2009, p.34).
Outro incidente ocorreu quando ela estava conversando com a auxiliar de cozinha. Este evento revela um sintoma de efeito psicocinético de grande porte. De repente, ouvimos um estampido assustador. Um barulho similar a vidros de carros estilhaçados. Para nossa surpresa, a tampa de vidro do fogão foi fortemente atingida por uma energia muito intensa. Ocasião em que o mesmo não estava sendo usado nos afazeres domésticos. Contudo, compreendo que quando fico muito tempo frequentando a cozinha, na ausência da auxiliar, costumo perceber alguns copos rachados dentro do armário (CLARINHA, 2009, p.21).
Outra experiência ocorreu numa manhã de sol. Na sua caminhada pela orla e marcada pelo calor do sol, eis que de repente, a amiga é surpreendida por uma grande “visão arquetípica” diante da qual ficou deslumbrada. E assim se expressa:
Uma imensa cachoeira decorando aquele cenário encantador do Oceano Atlântico. Uma linda senhora vestida de luz, igualmente protegida por uma gruta de pedras, emerge sutilmente das profundezas do mar, ostentava, em si mesma, um semblante de paz, harmonia e alegria. O arquétipo (memórias ancestrais) da Grande Mãe ou da Mãe Natureza. A água que fluía do alto da montanha, à esquerda da aparição, passou-me a idéia de renovação. Uma fluidez cristalina que se misturou entre as folhagens daquela montanha. E, de modo acelerado, varria a imensidão daquele cenário encantador (CLARINHA, 2009, p.11).
J.Humberto F. Sobral (1999, p.9) pontua que essas visões devem ser consideradas no existir sutil e adverte: “Põe-te de prontidão para captar as ondas vibracionais que te chegam”.
Entende-se que Clarinha vivenciou um evento paranormal enquanto caminhava na orla, revelando que estava conectada com o Poder Absoluto. Ela entrou num processo inconsciente, que, em consonância com Jung, tenha vivenciado uma das suas memórias ancestrais no caso o arquétipo materno da sua vida. Observem a concepção do cientista.
O inconsciente nos dá uma oportunidade, pelas comunicações e ilusões metafóricas que oferece. É também capaz de comunicar-nos aquilo que, pela lógica, não podemos saber. Pensemos nos fenômenos da sincronicidade, nos sonhos premonitórios e nos pressentimentos! (JUNG, 2006, p.350).
Clarinha solicitou, em certa ocasião, que entrevistássemos, na condição de Assistente Social, dois dos seus familiares, que se diziam paranormais e com perfis semelhantes ao seu. O objetivo principal da amiga foi tentar identificar pessoas com percepções idênticas às suas e mostrar à comunidade científica que pessoas comuns padecem desta fenomenologia, sem, todavia, serem levadas a sério.
A entrevista foi realizada e veio ao encontro dos eventos que Clarinha vivencia no seu dia-adia. O relato de cada um dos entrevistados foi configurado e comparado com o relato do outro. Foram registrados fatos importantes para a validação de serem eles paranormais, visto que apresentavam visões exacerbadas, viagens astrais, sonhos recorrentes, projectologia, precognições e um comportamento psicofísico idêntico ao vivenciar episódios
simultaneamente em duas dimensões – uma real e outra supra- real. A partir das entrevistas, conseguimos entender que percebemos neles características similares aos da nossa amiga, bem como aos de outros seres humanos sensíveis mudando apenas os personagens.
Os relatos acima mencionados poderão ser considerados, pela maioria das pessoas, como eventos comuns, oriundos das mentes “vazias”. Enquanto que para os intelectuais e estudiosos da mente humana, trata-se somente de “fantasias” Contudo, diante destes exemplos, concluise que nem Clarinha e nem os outros paranormais, possam ser considerados “um dado inacabado.” E é por estas razões que se torna pertinente divulgar as experiências empíricas destas pessoas, visto que elas representam ser um ponto de apoio, para que a comunidade científica possa talvez tomar decisões a favor desta fenomenologia anômala.
Índigos: Geração Ponte para Outras Dimensões
Para aprofundar a paranormalidade e entorno da personalidade de Clarinha, torna-se necessário estudar e pesquisar as teorias que envolvem o nascimento e a educação das crianças paranormais, as chamadas de crianças índigos (associação à cor anil) da Nova Era.
De acordo com Guerra (2004, p.34), “são crianças canal porque elas, desde muito pequenas, têm uma ligação direta com entidades superiores e falam dos seus amigos invisíveis com a naturalidade de quem trata com eles”. Estas crianças têm algumas particularidades sutis, são inteligentes, hiperativas, intuitivas, rebeldes e amantes da verdade. Estas características identificam serem pertencentes ao portal da cor anil. Tape[8] constatou que a cor da aura que as envolviam tinham peculiaridades azul-índigo, a percepção consciente e conhecida como o terceiro olho. Portanto confiram.
As crianças índigos podem ajuda-nos a construir uma sociedade futura mais autêntica, confiante e verdadeira, sobretudo no relacionamento uns com os outros [...]. Elas não aceitam ser enganadas, porque a sua ‘intuição’ capta facilmente as verdadeiras intenções das pessoas que com elas convivem; não aceitam ameaças nem têm medo, pois são intuitivas e criativas. Com elas, não adianta falar do ‘papão’ ou do ‘Deus castigador’ de antigamente, porque elas rirão de você (GUERRA, 2004, p.31).
Os estudos e pesquisas relacionadas a essa criança, datam meados de 1990, período no qual o escritor Lee Carrol (apud Guerra, 2004) registrou, em seus documentários, importante considerações sobre essas crianças. Todas elas são crianças especiais portadoras de comportamentos peculiares e de uma inteligência acima do normal, isto é, superdotadas. Alguns acadêmicos e estudiosos do tema, como o estudioso Alain Aubry (apud Guerra, 2004), afirma que as crianças índigos são uma geração ponte para as outras dimensões.
Alain Aubry, criador da Fundação Casa Índigo[9], em Portugal, arguiu que as normas e as fundamentações teóricas dessa Instituição têm contribuído para amparar crianças superdotadas nos aspectos das conexões mente-matéria e nos questionamentos dos índigos, cristais, jovens índigos e outros.
A Casa Índigo agrega profissionais de alto nível, que numa espécie de mutirão prestam assistência educacional a essas crianças. A instituição consta de pedagogos, terapeutas, médicos e psicólogos que colaboram com a evolução espiritual destas crianças. A Casa Índigo aproxima-se da teoria educacional defendida pelo filósofo John Dewey, cuja metodologia educacional tem um sentido fundamental para o ser humano e igualmente para a sua existência. A educação naquela casa tem como finalidade precípua propiciar às crianças condições compatível com o seu perfil psicológico para que resolvam seus problemas, por si mesma, e não colocar em prática as tradicionais idéias de formação de acordo com os modelos preestabelecidos (DEWEY, 2006).
De acordo com Guerra, saber lidar com estas crianças é o que faz a diferença na presente contemporaneidade. No bojo dos seus relatos, a pedagoga adverte sobre a hiperatividade delas e sugere aos pais e professores que estejam preparados para atuar e rever essas questões de modo especial, tanto no plano psicossocial, quanto físico e extra-físico. Ela chama atenção ainda sobre a denominação e apoio psicológico direcionados aos índigos do planeta Terra. Por outro lado, pontua que essas crianças dotadas de uma sensibilidade incomum, devam ser orientadas dentro de um clima de amorosidade, inteligência e distinção. E, ainda referindo-se ao índigo, a estudiosa contempla uma linguagem ligada ao espiritualismo ao percebê-los de modo sutil com uma alma grande,“Alma”no sentido que Jung diria...Na íntegra,a citação dos nomes de personalidades que se enquadram dentro deste perfil incomum, observem:
[...] outros que apresentavam comportamentos diferentes e formas de pensar que punham em risco as instituições e organizações políticas ou religiosas vigentes. Temos por exemplo: Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus Cristo, Leonardo da Vinci, Ghandhi, Schweitzer, Einstein e muitos outros [...] (GUERRA, 2004 p.28).
Deste modo, compreende-se que estas personalidades surgiram para provocar mudanças e abrir novos caminhos, rompendo com os velhos paradigmas de pensamentos e culturas que ainda vigoram na atualidade.
Segundo as concepções de Clarinha, uma sensitiva idônea, tentar transformar a visão do ser humano enquanto sensitivo em processos de autoconhecimento para os estados da consciência transcendental, significa transformar o mundo e o Universo dentro da sua inteireza. Preparar o mundo para recepcionar os nossos irmãos da Nova Era, ou as crianças paranormais, é uma questão de tempo. As pesquisas acima referendadas nos mostram a veracidade dos fatos.
Portanto, compete à ciência e o Ministério da Saúde rever estas questões.
Entretanto diante destas considerações entende-se que num futuro, talvez estes fragmentos sutis sirvam de parâmetros para a formatação de medidas científicas na busca de conteúdos paranormais de pessoas que como estas crianças, e igualmente Clarinha, possam ser cientificamente denominadas como paranormais.
Um Acolhimento que não Procede nas Instituições de Saúde
Neste tempo de contemporaneidade, os paranormais que enfrentam problemas da ordem do seu existir, vivenciam os desafios nos diversos setores da sociedade quando interagem com os seus através da convivência humana. Os problemas mais complicados estão no seio da família, nos núcleos das escolas ou nos locais de trabalho. As ações de crescimento e desenvolvimento integral nestas áreas tornam-se altamente complicados pelo desconforto que o fenômeno da paranormalidade acarreta aos envolvidos e àqueles que os acompanham e os cercam amorosamente, isto é, quando são conscientes da existência destes fenômenos.
Ao longo da nossa trajetória como profissional do Serviço Social Médico, do Ministério da Saúde (M.S) em Pernambuco, apoiando e assistindo pessoas paranormais, com diagnósticos de Epilepsia, tornou-se pertinente e necessário destacar através do nosso serviço, números relativamente exagerados de licenças médicas exibidos no Instituto de Seguridade Social (INSS) e/ou Instituições privadas do Brasil, que atestam uma suposta incapacidade dos “Epilépticos” ou (paranormais) para o trabalho, quando entram no processo de fragilização das suas partes.
Os relatos dos pacientes, documentados por nós, através do atendimento no consultório do Serviço Social Médico, tratou de queixas que evidenciam um componente extra-físico bastante acentuado, algo que pode ser descrito como “incursões aleatórias do inconsciente”. Esses fatos foram comprovados por nós, durante a aplicação do Projeto[10], na Clínica de Neuropediatra, junto aos Epilépticos de Pernambuco. Na época foi constatado um elevado número de internações hospitalares destas pessoas, em situações de estresse e que posteriormente foram encaminhados para o serviço de Psicologia.
Vale relatar que estas alegadas ocorrências sutis eram normalmente negligenciadas pela equipe médica deste Projeto, certamente por falta de conhecimento e direcionamento das ações nesse nível. O fato é que observamos que os pacientes não obtinham ajuda apropriada para o seu pronto restabelecimento, porquanto descreviam situações de conotação sobrenatural, visões noturnas, intuições exacerbadas, sonhos recorrentes, premonições, précognições e outros eventos do gênero, como os eventos de efeitos psicocinéticos, cujas concepções ainda hoje extrapolam os ditames estabelecidos pelas teorias do conhecimento.
Pelas experiências acima referidas, podemos constatar na condição de Assistente Social do Ministério da Saúde, que os fenômenos sutis, têm sobrevivido às duras penas, como um refém de conceitos empíricos, negligenciados e discriminados nos diversos projetos e ações científicas, do Ministério da Saúde. Sendo que na maioria das vezes, os sintomas deste vivenciar sutil, que acomete pessoas sensíveis, recebem diagnósticos e tratamentos inadequados, sem apoio psicológico e/ou interdisciplinar nas instituições de saúde, como já nos referimos atualmente.
A atuação no Projeto forneceu subsídios importantes para entender e compreender “o porquê” desses pacientes seres diagnosticados como “dementes, psicóticos e histéricos”, ou seja, “doentes mentais” condenados a viver sob efeitos medicamentosos. Entendemos que as denominações médicas nestes casos trazem consequências funestas aos seus corpos físicos e extra-físicos. Uma nocividade até mesmo para a sua individualidade como um ser pensante, dotado de uma inteligência e vontade. A paranormalidade, portanto, não pode ser considerada como o resultado de uma mente doentia e sem crédito.
Assim sendo, os pacientes do Serviço Social sob tratamento médico na época, com um diagnóstico de Epilepsia e sem levar em consideração o “sobrenatural”, tornavam-se desconectados e dissociados do mundo circundante (por serem ao meu modo de ver) detentores desta fenomenologia.
O que nos resta indagar, agora, é saber quais são as medidas que poderão ser tomadas ao longo da trajetória de vida destas pessoas, que se encontram sem tratamento adequado, ao longo das suas existências, e bem próximas do preconceito e da discriminação.
Torna-se necessário o despertar das atenções dos profissionais de saúde, para priorizar uma assistência efetiva aos paranormais, pois para a maior parte deles, a paranormalidade ainda é uma incógnita ou um termo desconhecido. Se houver uma mudança de paradigma os resultados destas ações ainda poderão fluir de forma mais humana, amorosa e enriquecedora sobre todos os aspectos, sejam a nível psicossocial, físico e extra-fisico. Um apoio terapêutico associado às práticas alternativas de tratamento médico e “psicossocial”, adequado à fenomenologia, possa diminuir o sofrimento das pessoas, nas questões sensoriais e reconduzilas ao fortalecimento do Ego. O médico precisa ser psicólogo e um profundo conhecedor da alma humana.E estes dois conceitos configuram-se como uma ferramenta fundamental para o tratamento efetivo do paranormal.
Com a observação destas práticas e analisadas sob um nível multiprofissional, elas vão ao encontro aos projetos de Jung (2006), quando intuiu e advertiu que os desenvolvimentos das ações progressivas de atendimentos na saúde de um ‘ser pensante’ são fundamentais nas instituições de saúde.
Foi desta forma que o cientista pontuou em pleno século XX, o sábio argumento no congresso sobre a saúde pública. Ele se antecipou ao seu tempo e somou na sua antevisão o futuro da saúde psicológica do ser humano, cuja opinião foi um tanto singular.
A psicoterapia e a psicologia moderna não passam, por enquanto, de experiências e iniciativas individuais. Até agora, tiveram pouca ou nenhuma aplicação coletiva. Sua aplicação depende exclusivamente do espírito empreendedor de cada um dos médicos em particular visto que não recebem apoio algum, nem mesmo das Universidades (JUNG, 2007, § 47).
Diante destas considerações, é normal que um sensitivo desconectado do mundo e do universo e sem apoio psicológico, deixe-se esmorecer diante da vida. Daí entende-se, que um apoio bio-psico-social e transpessoal é indispensável na vida de um paranormal. Visto que as percepções e o vivenciar sutil costumam deixar marcas indeléveis nestas pessoas quando entra no jogo das sutilezas, “os conteúdos guardados no inconsciente. Jung costuma enfatizar que, quando mal administrados, gera conflitos no ‘existir’ do ser humano e afetam a sua completude.
Pelo vivenciar das experiências sutis ao lado dos epilépticos do Recife entendemos que a paranormalidade não é tratada de modo correto. No entanto através de tratamentos médicos associados às técnicas Transpessoais, e/ou com ações multiprofissionais, há grandes possibilidades de mudar de vez os paradigmas na área da saúde. As experiências vivenciadas pelos paranormais poderão atingir níveis de “bem estar” mais elevados. Isto é, acrescidos de momentos de reflexões, de alegrias e autoconfiança, frente ao “estigma” de uma experiência mal conduzida ou mal orientada cientificamente (Projeto Multiprofissional do Posto Médico do Ministério da Saúde (MS) - PE, 1984).
Daí a idéia de apoiar estas pessoas, através de técnicas terapêuticas e a nível multiprofissional. E assim sendo, chegaremos a um entendimento ideal de que a Psicoterapia Transpessoal, é um recurso fundamental no processo de autocura, a ser adotadas nas instituições públicas e privadas, no Brasil e no mundo. Para que possam prestar uma assistência médica humanizada junto às pessoas portadoras da fenomenologia paranormal. Isto porque, nesta prática terapêutica, os sensitivos têm acesso aos “conteúdos guardados no inconsciente” e a partir daí passam a administrar estes conteúdos seguros de si e emocionalmente mais fortalecidos.
No trabalho transpessoal, quanto mais ampla e integrada for a visão do terapeuta acerca das possibilidades disponíveis nos diversos ramos do saber, mais amplo será sua possibilidade de atenção [...] uma marca do terapeuta [...] a flexibilidade e a capacidade de abertura para o novo [...] (A. L. FERREIRA, E. C. BRANDÃO e S. MENEZES, 2005, p.28).
Assim como os paranormais adultos, as crianças índigos precisam ser apoiadas através de ações multiprofissionais, do Ministério da Saúde. Os projetos, dentro desta temática, devem inserir nas suas ações a participação ativa de familiares, sob a orientação de médicos, psicólogos, pedagogos e orientadores como já foi referido anteriormente.
Nestes aspectos a nossa amiga Clarinha confessa que aguarda com ansiedade o momento das resoluções científicas no trato destas pessoas com características paranormais, idênticas às suas. E, igualmente espera soluções sobre o futuro da paranormalidade, cujas teorias do conhecimento ainda insistem considerar os episódios da fenomenologia tão somente como uma enfermidade. Um flagelo que atinge um grande número de pessoas e que, por uma série de negligencias na saúde não contemplam de modo multiprofissional esta sintomatologia. É por estas e outras razões que Clarinha deseja corajosamente um reconhecimento médico para estas pessoas sem a discriminação de serem “diferentes”. O que ela deseja é que essas pessoas sejam respeitadas em sua individualidade, pois ao nosso modo de ver elas correspondem perfeitamente aos testes e padrões da normalidade, estabelecidos pelas instituições médicas coordenadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com sede em Genebra.
A partir das experiências adquiridas no Serviço Sociais Médico de Pernambuco, tratando pessoas paranormais, individualmente ou em grupos, aquele serviço tentou dar um suporte prático para acreditar na existência destes fenômenos “ditos ocultos”. Entende-se que um olhar clínico sobre os paranormais seria o ponto de partida para a comunidade científica estudar estes fenômenos e traçar novos paradigmas de atendimentos, nas instituições de saúde no Brasil e no mundo.
Sugerindo um Olhar Científico
O fato pertinente é que diante de tantos episódios fenomenológicos, a comunidade científica ainda se manifesta contrária à contextualização científica destes fenômenos, tidos como especulativos. Neste contexto inserimos na integra as concepções de um estudioso da Realidade Psicofísica em pleno século XXI.
Pode-se indagar, por exemplo, explicar sobre as imaginadas supercordas que, nos últimos anos, vem sendo amplamente consideradas para a derradeira essência universal. Para o cosmólogo Bernard Carr, existem menos evidências para as supercordas do que ocorrências das PES, sendo que, neste caso, tem-se a possibilidade de tentar reproduzir fenômenos paranormais em laboratórios. Definitivamente para avançar neste estudo é preciso ter a mente aberta e a coragem de ousar e adentrar mais ainda nos mistérios da mente (CAMPOS, 2008, p.7).
A partir dos pontos-chaves e experiências relatadas, a fenomenologia paranormal existe, mas ainda precisa ser contextualizada como tal e reconhecida pelos ditames da ciência. Até porque, há décadas que Jung participou deste vivenciar sutil em si, e ouviu milhares de depoimentos de pacientes assistidos pelas suas ações psiquiátricas, em sua prática clínica. Para complementar estes “lampejos”, pesquisamos em outras fontes da ciência e em todos os setores da atividade humana. De conformidade com as nossas pesquisas fenomenológicas constatamos que, são reais os depoimentos e testemunhos de médicos sensitivos, psiquiatras e pesquisadores, referindo-se sobre a existência desses fenômenos considerados anômalos.
E sendo assim, entende-se que já existe no mundo contemporâneo um vasto material na área das subjetividades humanas a ser contextualizadas e validadas pela ciência.
Acredita-se que lutamos pela busca da realização do propósito de reconhecer no paranormal um ser humano, dotado de inteligência e vontade. Capacitado a interagir com os seus iguais, para evoluir e crescer. Realizar projetos de vida, ser tratado com respeito dentro da sua individualidade e totalidade máxima. Fortalecido individualmente, para transcender e transmutar. Desprovido das discriminações de “ser um louco” e/ou um“ desconectado “do mundo e do Universo.
E de acordo com as considerações acima, a existência das PES no mundo contemporâneo é uma realidade. Por estas razões encerramos este capítulo esperançoso de que, num futuro bem próximo, poderemos analisar uma paranormalidade contextualizada, contemplada e validada através das teorias do conhecimento.
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