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SALVADOR, 2017
Monografia apresentada à banca examinadora do IJBA–Instituto Junguiano da Bahia como exigência parcial para a obtenção do Título de Pós-Graduada em Teoria da Psicologia Junguiana, sob a chancela da Faculdade Baiana de Medicina. Supervisor: Carlos São Paulo, médico e professor de Psicologia Analítica do IJBA, com especialização Lato Sensu em Psicologia Junguiana pela Universidade de Ribeirão Preto-UNAERP.
Aos Docentes do Instituto Junguiano da Bahia pela oportunidade do encontro com o Saber científico.
Aos Mentores da Transpessoalidade, enquanto Realidade Psicofísica e Conexões Mente-Matéria no Espaço - Tempo desse planeta azul.
Agradecimentos especiais:
Aline e Gileno, enquanto desprovidos da nossa presença para registrar uma experiência que deu certo.
“A história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e já, tudo era extremamente complicado”.
Carl Gustav Jung
Uma jornada arquetípica pelo viés do mundo interior transformou o psiquiatra Carl Gustav Jung, um dos mais expressivos pensadores do século XX.
O cientista das causas profundas nasceu na Suíça, aos 26 dias de julho de 1875. Numa pequena aldeia de Kesswill, às margens do Lago Constança.
Filho de um pastor suíço e reformado. Ainda muito jovem tornou-se o único herdeiro da família, pois os seus primeiros irmãos faleceram de modo prematuro.
Com seis meses de vida, a sua família foi transferida para uma aldeia em Laufen, situada às margens do Reno. Isto porque a sua mãe precisou ser internada numa clínica por vários meses por causa dos seus conflitos emocionais. Em verdade, ela desenvolveu uma doença neurológica, motivo pelo qual o garoto ficou sob a guarda da sua tia idosa e de parceria com a criada da casa.
O pai do cientista tinha um perfil complicado; além de ser uma figura difícil, vivia extremamente irritado. Os seus genitores tinham dificuldades de relacionamentos e dormiam em quartos separados. Como o Jung era uma criança extremamente sensível ouvia barulhos estranhos procedentes do quarto da mãe. Ruídos esses que perturbavam os seus corpos físicos e sutis nas caladas da noite cósmica.
Numa certa ocasião e de extrema subjetividade, o garoto percebeu movimentos estranhos atrás da porta do quarto da mãe, e até vislumbrou uma figura sombria cuja cabeça destacou-se do corpo e passou a flutuar no espaço-tempo.
Foi observado que enquanto processos subjetivos, o garoto prodígio procurava derivativos no sótão da sua casa para brincar consigo mesmo ou em companhia do manequim de madeira. Distraia-se com esse companheiro de viagens reais e suprarreais. Uma figura simbólica que ele mesmo idealizou para compartilhar as suas inspirações, intenções, interações e enquanto exercitava o confronto com o seu inconsciente; no indagar-se a si mesmo, com os outros, com o mundo ou com o Universo, respectivamente. Então se observarmos os textos Junguianos do século XX e principalmente no que diz respeito às suas intuições, visões sombrias, premonições, precognições, ou experiência de quase morte, poderemos até constatar que o cientista se antecipou ao seu tempo. Pois as análises das subjetividades acima descritas evidenciaram que na contemporaneidade existem pessoas com esse perfil sensório e que por assim dizer precisam de apoio psicológico sob a ótica das teorias do conhecimento, da medicina positivista, e da Transpessoalidade.
Palavras Chaves: Terapia Transpessoal; Psicologia Junguiana; Individuação; Fortalecimento do Ego; Conexões Mente-Matéria no Espaço-Tempo; Realidade Psicofísica; Anima e Animus.
An archetypal journey inside the interior world that transformed the psychiatrist, Carl Gustav Jung, in one of the most expressive thinkers of the 20th century.
The scientist of the profound causes was born in Switzerland, on July 26th of 1875, on a small village called Kesswill, by the margins of Lake Constance.
Son of a reformed Swiss pastor, at very young age became the only heir of the family, because his first siblings had premature deaths.
With six months old, his family got transferred to a village in Laufen, by lake Reno, because his mother needed treatment due to her emotional conflicts. She had developed a neurological disease, the reason why he was under the guard of his old aunt and her maid.
The father of the scientist had a complicated profile. Besides being a difficult figure, was always very angry. His parents had relationship issues and slept in separate rooms. Since Jung was an extreme sensitive child, he always heard strange noises coming from his mother’s room. Noises that disturbed his physical and subtle bodies over the nights.
At an extreme subjective time, the boy sensed strange moves behind his mother’s door and even got a glimpse of a dark figure, with a head detached from the body, floating at space and time.
It was observed that as subjective processes, the prodigal boy sought derivatives in the attic of his house, to play by himself or with a wooden mannequin. Distracted himself with the company of this fellow traveler of real and suprareal trips. A symbolic figure that he idealized to share his inspirations, intentions, interactions and while exercising the confronts with his subconscious, questioning himself, with others, with the world, or with the Universe,respectively.
So, if we observe Jung’s text works from the 20th century, especially, what concerns his intuitions, dark visions,premonitions, precognitions, or near-death experiences, we can even prove that the scientist was ahead of his time. Because the analyses of the subjectivities described above showed that, nowadays, there are people with this sensitive profile and therefore need psychological support under the optic of theories of knowledge, positivist medicine and Transpersonality.
Key words: Transpersonality Therapy, Jugian Psychology, Individuation, Ego Strengthening, Connection Mind-Matter in the Space-Time, Psychophysical Reality, Anima and Animus
1 INTRODUÇÃO
2 A CIÊNCIA TRANSPESSOAL PELOS CAMINHOS DA TRANSFORMAÇÃO
3 SUGERINDO UM OLHAR CIENTÍFICO
4 A TERAPIA TRANSPESSOAL NO CONTEXTO JUNGUIANO
5 O DESENROLAR DE UM PROCESSO TERAPÊUTICO
6 CONHECENDO A RELAÇÃO DAS PERSONAGENS
7 CONCLUSÃO
ANEXOS
REFERÊNCIAS
NOTAS EXPLICATIVAS
Quase um começo...
“Seja luz que espalha sua cor prateada ou dourada no Universo todo. Enquanto ela brilha outros corpos vão se iluminado e a luz, segue o seu curso de iluminar a vida”. Gracinda Calado
Certamente, um mensageiro da luz nos ilumina e colabora conosco direcionando escolhas. Seja ele um anjo, o velho sábio, a lua, as estrelas, o sol, o mar, as árvores que nos dão frutos ou a chuva da madrugada. O fato importante é que jamais estamos sozinhos; talvez até seja por isso que um encontro com o Instituto Junguiano da Bahia fluiu. Configurando por assim dizer os quereres da nossa mente, do nosso corpo e da nossa alma. Enfim, da nossa Realidade Psicofísica no Espaço-Tempo de um “momento numinoso[1]”, através do qual tudo começou...
Vale lembrar que um dos nossos primeiros acordes com a teoria da Psicologia Junguiana foi a partir do ingresso na Universidade Federal do Ceará para estudar os postulados básicos do Serviço Social Médico. Conhecer os métodos e técnicas psicossociais direcionadas ao tratamento do ser humano enquanto fragilizado de modo individual, membro de grupos e comunidades, respectivamente.
Então, essa travessia foi, de fato, o arremesso de “uma flecha no tempo” do nosso existir pensante e nos fez até compreender que sem esses paradigmas evoluídos jamais poderíamos atuar nesse planeta azul, e em paz com a nossa sacralidade interior. Expandir consciências no que diz respeito às coisas do sagrado, da psique[2], do ser e do existir. Integrarmo-nos a uma formação humanística associada aos pilares científicos que norteiam a atuação do Assistente Social sob a ótica da Filosofia, Teologia, Administração, Estatística e da Psicologia para poder celebrar uma vitória alcançada nas sendas das Teorias do Conhecimento e do Saber Científico.
Imaginamos sim que essa travessia foi, de fato, muito bem vinda para nós. Os conhecimentos científicos que iriam abastecer a nossa relação profissional junto às instituições de saúde, empresas e em tantas outras unidades que como nós, desejam alcançar o crescimento e o desenvolvimento integral dos seus pares nas questões da promoção humana, da expansão das suas consciências, do autoconhecimento e da evolução espiritual enquanto passantes desse planeta azul.
E nessa frequência vibracional, vale lembrar que em 2009 observamos via Internet um convite para assistir uma palestra gratuita na Sede do Grupo Ômega da Bahia onde seria exposto o conteúdo programático de uma Pós-Graduação e Especialização em Terapias Holística e Transpessoal[3]. Importante e em tempo hábil, foi ser intuída que aquele convite online caiu em nosso existir pensante, como uma chama para iluminar o despertar do nosso autoconhecimento e evolução espiritual no espaço e no tempo enquanto moradora recém-chegada em São Salvador.
De fato, os conteúdos em epígrafe tatuados naquela telinha cristal foram tão chamativos para nós que no mês seguinte àquela abençoada divulgação, já estávamos aluna do Grupo Ômega da Bahia e participando de um dos seus módulos mais do que importantes para a nossa formação como terapeuta Holística e Transpessoal: Figuras 1,2 e 3: “A Atual Transição da Ciência Materialista-Newtoniana-Cartesiana, para o Novo Paradigma Quântico-Holístico-Transpessoal”; o Módulo que esteve sob a orientação e mestria científica do Docente Hélio Silva Campos, Doutor em Ciências Física da UFBA, com Especialidade em Psicologia Analítica Junguiana do NEJ- Núcleo de Estudos Junguiano da Bahia.
No ensejo dessa aula o docente referiu que a relação Mente-Matéria pode ser abordada sob uma relação Psicofísica da Realidade envolvendo conceitos da Psicologia Junguiana e da Física Quântica. Além da importância desse módulo para a formação do Terapeuta Holístico e Transpessoal, atenderia a intenção de apoiar as queixas duma clientela fragilizada em completude e igualmente a de encontrar ferramentas científicas para atendê-la de modo real e suprarreal[4] nas questões biopsicossociais e enquanto Realidade Psicofísica, Conexões Mente-Matéria e do Além-Materialidade no Espaço e no Tempo.
Em conversa com o Docente acima descrito sobre experiências suprarreais de amigos e parentes próximos, ele mencionou o trabalho de cientistas, filósofos e físicos conhecidos com o objetivo de formalizar uma descrição mais abrangente da realidade através de uma relação Mente-Matéria. Acrescentou ainda a possibilidade de interpretar esses fenômenos recorrendo à Psicologia de Carl Gustav Jung e as descrições que este encontrou para as suas simples vivências, o que seria um aprendizado fundamental para nós, enquanto discípula dos módulos em Terapia Holística, Transpessoal e companheira de viagens face às travessias da maioria das pessoas portadores de “desajustes” suprarreais e que por assim dizer desejariam recorrer ao processo de Individualização e Fortalecimento do ego; os conceitos criados pelo cientista das causas profundas para acelerar o processo de crescimento e desenvolvimento integral desses pares conflitados e enquanto um ser individual, membro de grupos e comunidades, respectivamente.
Os conteúdos absorvidos por nós durante aquele módulo e enquanto teoria da Psicologia Junguiana nos incentivaram cada vez mais a estudar aqueles conceitos científicos, ou seja, para depois tratar a nossa futura clientela com os vários adoecimentos na mente, no corpo, na alma e em busca do seu processo de individuação mais fortalecido. Isto porque o conceito da individuação proposto na teoria da psicologia junguiana abarca um processo científico através do qual o ser humano torna-se um “individuum[5]” psicológico, isto é, uma unidade autônoma e indivisível. Daí fica entendido que esse alguém que se submete a uma terapia Transpessoal no contexto Junguiano se deixa individualizar em sua completude e inteireza; na mais íntima “realização do si- mesmo, no que tem de mais pessoal e de mais rebelde a toda comparação”.
Portador de uma sensibilidade descrita como à flor da pele, o Jung foi extremamente introvertido e por causa desse perfil recheado de subjetividades costumava brincar sozinho. É tanto que, quando completou 9 anos ganhou uma irmã, mas por conta do seu temperamento diferenciado não demonstrou nenhum entusiasmo pela irmã recém-nascida.
Estudioso, inteligente e buscador o garoto carregava dentro de si questionamentos de ordens teológicas. Dedicava várias horas na biblioteca do avô, pesquisando a vida dos filósofos e demonstrava imenso interesse pelas sabedorias de Arthur Schopenhauer, pois em verdade ele entendeu que aquele pensador tinha uma visão ampla do Ser e do Existir e, igualmente porque o filósofo tratou de vários temas como o sofrimento, paixão, confusão e do mal; cujos sentimentos o incitavam aos velhos questionamentos e indagações de ordens teleológicas.
E assim entendemos que os sentires de um dos seus ídolos acima descrito, o levaram a compreender que nem tudo no universo corresponde aos melhores fundamentos para o Ser e igualmente para um Existir.
Com o passar do tempo, os seus conhecimentos intelectuais evoluíram cada vez mais e parece até que ele transcendia, pois percebia em si mesmo que alguns sentimentos reverberavam enquanto sacralidade interior no espaço e no tempo do seu existir indagador. Por outro lado, quando evoluiu e expandiu a sua consciência deixou de ser introvertido para interagir pleno de sabedorias com os seus pares e enquanto estudante de medicina. É tanto que, em busca do saber científico ele fez várias travessias como as viagens fora do seu país para ampliar conhecimentos e enriquecer as suas sabedorias para curar a alma humana com todas as suas miríades.
Noutros instantes, Jung registrou em suas memórias (2006) que interagia há bastante tempo com as personalidades 1 e 2; isto é, ele vivenciava os seus “momentos numinosos”, agraciados e ou alimentados com o renascer de metáforas transcendentais enquanto visões, sonhos recorrentes, premonições, precognições e ainda percebia que nas caladas das noites cósmica, captava um enxame de visões sombrias, principalmente em relação ao perfil psicológico da sua genitora. E foi assim, que identificamos o perfil psicológico de um mental que transcendia através dos dois hemisférios cerebrais e de modo simultâneo no dia a dia de um amanhecer metafórico:
O que se é mediante uma intuição interior e o que o homem parece ser sub specie aeternitatis [6]só pode ser expresso através de um mito. Este último é mais indivisível e exprime a vida mais exatamente como faz a ciência, que trabalha com noções médicas, genéricas demais para poder dar uma ideia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual. (JUNG, 2006, p.31).
Como um exímio estudante de nível superior o jovem prodígio escolheu estudar ciência médica e a cadeira da psiquiatria despertou-lhe bastante entusiasmo. Exercitou as suas várias funções humanísticas numa clínica para doentes mentais. Esteve amigo de Sigmund Freud durante muitos e muitos anos; é tanto que o seu primeiro contato com o neurologista durou 13 horas. E esse interagir duradouro o influenciou consideravelmente no futuro do seu existir científico e profissional. Conheceu de modo profundo os estudos do neurologista e igualmente os de Josef Breuer sobre a Histeria. Entretanto, devido aos seus questionamentos e indagações científicas, rompeu com a escola freudiana para desenvolver a sua própria ciência em forma de Psicologia Complexa e mais tarde, Psicologia Analítica.
Criou o teste associação de palavras conjugadas. Uma invenção científica que levavam os seus pacientes a constelar os conflitos submersos nos porões do inconsciente; cujo material científico serviu de base para fortalecer os seus conceitos direcionados à sua clientela fragilizada em completude e inteireza enquanto mente, corpo, alma, conexões mente-matéria e realidade psicofísica no espaço-tempo.
E assim se expressou em algum momento do seu existir pensante: “minha vida é um relato da autorrealização do inconsciente” (HALL; NORDBY,2005).
Por outro lado, a Psicologia Transpessoal criada por Abraham Maslow desponta na década de 60 como um leque do saber científico e é pontuada nos meios acadêmicos e a partir da Psicologia Humanista de Carl Rogers, como a “Quarta Força em Psicologia”. E é importante ressaltar que os psicólogos daquela época entenderam que a clientela sob tratamento psicoterapêutico não evoluía em suas buscas e por essas e outras razões, ainda apresentava em seus perfis psicológicos as características de uma fenomenologia anômala. Diferenciada em suas conexões mente-matéria, enquanto Ser e Existir, pois imaginamos que aqueles psicólogos detectaram que enquanto psicoterapeutizavam esses clientes eles transcendiam para as outras dimensões do espaço-tempo e enquanto realidade mundo. E nessa frequência vibracional observe os sentires de um psicólogo Transpessoal com uma visão extremamente humanista:
As técnicas terapêuticas propiciam ao cliente que faça a seu processo de auto cura encontrando o seu caminho pessoal. Ela não só se ocupa da compreensão do que Maslow falou sobre a sua experiência de “pico” ou de “cume”, que se caracterizam por um estado expansivo de consciência, como amplia o leque para se ocuparem de todas as patologias, psicoses, esquizofrenias, ou neuroses comuns a todos nós e, sobretudo, se ocupa do grande mal do século que é a normose que significa a adaptação patológica e alienada a uma sociedade doente e consumista, como é o caso da nossa, dentre outras. (RISSO,2008).
Por estas e outras razões, fica compreendido que o ser humano não deve ser tratado de modo “partilhado” em suas conexões no espaço- tempo, mas considerado uma “totalidade” para interagir com ele sob as ações dos múltiplos fatores que envolvem a saúde física, mental e espiritual. Logo, quanto mais ampla for a visão do terapeuta acerca das possibilidades disponíveis nos diversos ramos do saber, mais hábil será a sua possibilidade de atenção ao cliente com os seus adoecimentos e abertura para o novo. Nesses sentires científicos entendemos que a mudança desses paradigmas configura uma tendência moderna dentro da Psicologia do futuro, cuja vertente nasceu com o psiquiatra Stanislav Grof, o criador da “Respiração Holotrópica”:
Nos estados holotrópicos, ocorre uma mudança qualitativa de consciência de forma profunda e fundamental, que não sofre danos como ocorre nas condições de causa orgânica. Tipicamente, ficamos orientados em termos de espaço e tempo e não perdemos totalmente o contato com a realidade diária. Ao mesmo tempo, nosso campo de consciência é invadido por conteúdos de outras dimensões da existência que podem ser muito intensos e mesmo avassaladores. Assim, experienciamos simultaneamente duas realidades muito diferentes... temos cada um dos pés em um mundo diferente... quando abrimos os olhos, a nossa percepção do ambiente pode sofrer uma transformação ilusória através de projeção viva desse material inconsciente.... Esse tipo de experiências holotrópicas é a principal fonte de cosmologia, filosofias e sistemas religiosos que descrevem a natureza espiritual do cosmo e da sua existência. Elas são a chave para a compreensão da vida ritual e espiritual da humanidade, desde o xamanismo e as cerimônias sagradas das tribos dos aborígenes até as grandes religiões do mundo. (GROF,2000, p. 18 e 19).
Se refletirmos sobre as experiências holotrópicas de Grof com o LSD, entendemos que máxima a conclusão a que ele chegou em termos de uma transcendência, pois de acordo com ele em poucas horas do seu existir pensante expandiu a sua consciência através dessa experiência cósmica indescritível e a ponto dele despertar um profundo interesse pelos “estados não comuns de consciência” para salvar vidas ; pois em verdade, foi a partir desses eventos pessoais que o médico passou a adotar em sua clínica particular as técnicas da “Respiração Holotrópica” e com bastante valia para os seus pacientes conflitados em suas conexões psicofísicas e extrassensorias[7].
De acordo com a visão do psiquiatra, a psicologia do futuro assim se resume considerando as pesquisas modernas da Consciência e da Cartografia da Psique Humana nos níveis Biográficos, Perinatal e Transpessoal. Portanto, observe na íntegra um novo depoimento do Grof a seguir:
As experiências em estados holotrópicos de consciência e as observações relativas aos mesmos não podem ser explicadas em termos da estrutura conceitual da psiquiatria acadêmica que se limita à biografia pós-natal e ao inconsciente individual freudiano”. Para explicar a fenomenologia desses estados e dos eventos a eles relacionados faz-se necessário um modelo com uma imagem incomparavelmente maior e mais abrangente da psique humana, uma compreensão da consciência radicalmente diferente.... As experiências extremas nessa categoria são as identificações com a Mente Universal e com o Vazio Supracósmico e Metacósmico. Os fenômenos Perinatais e os Transpessoais têm sido descritos através dos tempos na literatura religiosa, mística e oculta de vários países do mundo. (GROF,2000, p35).
Convém ressaltar que esse sentir Transpessoal surgiu na década de 60 junto com o movimento do Potencial Humano dos E.U.A e igualmente pelo pensamento de Maslow, nas questões da transcendência dos humanos conectando-se com “O Todo” ou com outras realidades mais abrangentes do “Além-Materialidade” e que objetivam o estudo das consciências e de seus “estados não ordinários”; agregando na terapia Holística e Transpessoal outros recursos técnicos e científicos da Hipnoterapia Clínica Brian Weiss, do Poder da Meditação Criativa Joel e Michelle Levey, da Psicoterapia Regressiva Integral Roger J. Woolger, da Constelação Familiar Bert Hellinger, da Acupuntura sem Agulhas de Gary Creig, do Psicodrama Jacob Levy Moreno, da Reflexologia Podal e de tantas outras técnicas associadas à Tradicional Medicina Oriental Chinesa.
De fato, durante a busca do processo terapêutico de alguém que se fragilizou, imaginamos que os aditivos técnicos acima descritos, são importantíssimos para alcançar a Transpessoalidade da clientela fragilizada e enquanto num estado de adoecimento, originário no entorno do cliente, do Além-Materialidade ou da desconexão da sua realidade psicofísica no espaço e no tempo.
Deve-se observar também que o psiquiatra Grof, com a sua maestria pelas coisas científicas, quânticas e do sagrado, desenvolveu esses estudos suprarreais na área do psiquismo criando a “cartografia da consciência”. Uma recente modalidade de tratamento a respeito da psique. Nessa sua intenção científica ele tomou conhecimento das novas descobertas sobre a abordagem científica de diferentes áreas da Física como a de Ken Wilber, e de Amit Goswami. Os físicos quânticos que fazem a conexão entre o “conhecimento científico padrão com os propósitos da Transpessoalidade”, como vem acontecendo na Psicologia Analítica que tem mantido um produtivo diálogo com a Física Quântica.
Dentro desse contexto científico e acima descritos ficou entendido que a humanidade necessita de modo urgente de novos paradigmas na psicologia. E por outro lado, que sejam observados a união da Psique com a Transpessoalidade para curar a fragilidade das pessoas consideradas “especiais” ou com uma “sensibilidade descrita como à flor da pele” como os ”adultos e crianças índigos” tratados como tal, em alguns espaços nos aspectos da sua Transpessoalidade.
E assim observe o depoimento da psicopedagoga Teresa Guerra, (Portugal) sobre as crianças superdotadas:
O índigo humanista é verbal e está destinado a trabalhar (Falar) com as massas e curar as relações humanas. Serão os médicos, os advogados, os professores, comerciantes e os políticos do amanhã. Apresentam características de hiperatividade e são extremamente sociáveis, mostrando capacidade de relacionar-se com todas as pessoas, sempre de uma forma afável e amigável, apresentando pontos de vista muito bem definidos. Chegam a ir contra tudo e contra todos no ímpeto de realizar coisas. (GUERRA, 2004, p.32).
Então, fica entendido em pleno século XXI que os humanos sensitivos são ansiosos para entender e compartilhar esse saber científico com os seus pares. Por outro lado, apresentam em cada esquina desse Universo uma sede de liberdade para pesquisar o mundo ao seu redor. E é por isso que essa clientela busca a terapia Transpessoal no contexto Junguiano, pois essa psicologia ciou novos paradigmas para considerar a psique atrelada às questões suprarreais dos nossos dias.
Rememorando as travessias do Jung em suas “memórias, sonhos e reflexões” (2006), observa-se que o cientista vivenciou vários episódios durante o seu existir real e suprarreal. E todos eles dentro do contexto da Transpessoalidade para poder evoluir nos aspectos da sua Individuação, do Fortalecimento do seu Ego, do seu Autoconhecimento, da Medicina, da Evolução Espiritual e da Expansão de uma Consciência extremamente desperta.
Logo, as crianças consideradas ”especiais” na presente contemporaneidade já nascem sábias. Interagindo nesse planeta azul de modo diferenciado; simultaneamente, mas com um pé aqui e o outro noutras dimensões do cosmo. Isto porque seus hemisférios cerebrais são despertos. Os seus olhinhos já estão abertos quando nascem. E por outro lado, os seus ouvidos bem atentos para perceber todos aqueles ruídos processados no entorno de si mesmo. E nesse contexto a Teresa Guerra continua com o seu depoimento revelador:
As crianças índigos podem ajudar-nos a construir uma sociedade futura mais autêntica, confiante e verdadeira, sobretudo no relacionamento uns com outros.... Elas não aceitam ser enganadas, porque a sua ‘intuição’ capta facilmente as verdadeiras intenções das pessoas que com elas convivem; não aceitam ameaças e nem têm medo, pois são intuitivas e criativas. Com elas, não adianta falar do “papão” ou do “Deus castigador” de antigamente, porque elas rirão de você. (GUERRA,2004, p.31).
Na terapia Transpessoal são apoiados vários humanos dentro desta perspectiva. Pessoas que relatam os seus sonhos recorrentes, as suas intuições exacerbadas e tantas outras precognições envolvendo pessoas das suas famílias, experiências de quase morte e tantas outras subjetividades do dia a dia que as deixam desconectadas da sua realidade mundo. Uma das técnicas da Transpessoal é ensinar os clientes a fechar o seu campo eletromagnético para que as energias densas não os fragilizem enquanto no dia a dia do seu vivenciar cósmico ou suprarreal; cujos aplicativos já foram referenciados anteriormente como a Psicoterapia Integral de Roger Woolguer, as Meditações Criativas da Tradicional Medicina Oriental Chinesa e tantos outros.
Baseando-nos em ditos científicos acima descritos, ficou compreendido que os sentires reais e suprarreais dos estudiosos da década de 60 serviram de modelo para a construção dos pilares da Transpessoalidade e que dia após dia vem ganhando espaço científico no Brasil e no Exterior, principalmente no sentido de promover o fortalecer da corrente do bem em direção ao humanismo científico em pleno século XXI portanto, observe esse sentir Junguiano:
Minha consciência é como que um olho que abarca os espaços mais distantes, mas o não- eu psíquico é aquilo que de maneira não-espacial preenche esse espaço. Essas imagens não são apenas sombras pálidas; são fatores e condições psíquicas de poder imenso. Poderemos talvez negligenciá-las, mas não lograremos através dessa negação subtrair-lhe o poder. Tal impressão, comparativamente, seria semelhante a contemplação de um céu noturno estrelado, pois o equivalente do mundo interior só pode ser o mundo exterior e, como atingir esse último por intermédio do corpo é através da alma que atinjo o mundo interior”. (JUNG, 2006, p.481).
O certo é que o Eixo da Transpessoalidade vem ganhando espaço nos meios acadêmicos e está sendo divulgado pelos mestres e estudiosos da alma humana como um modelo terapêutico de alta resolução para explicar e interpretar as diversas travessias dos nossos pares nas questões biopsicossocial e do além-materialidade. Assim está comprovado que os seus agentes ganham espaço no mundo acadêmico desde que formados através de instituições sérias como a Unipaz (Universidade Internacional da Paz do Distrito Federal); ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal de São Paulo).Isto porque esses agentes se capacitam de modo científico para atender os seus clientes mais fortalecidos e apoiados nos conceitos da Teoria da Psicologia Junguiana e da Física Quântica; pois em verdade, o Jung se antecipou ao seu tempo em termos dessas questões e assim se expressou em seu livro Psicologia do Inconsciente, referindo-se, imagino, não somente aos médicos, mas a todos os profissionais da saúde e que lidam diretamente com a fragilidade das pessoas “especiais”, com o “adoecimento psicológico” no espaço-tempo, ou nas conexões mente- matéria ou do além-materialidade:
É indispensável que o médico, o “especialista em doenças nervosas”, aprofunde seus conhecimentos psicológicos, se quiser ajudar seus clientes, porque as perturbações nervosas (ou tudo que se designa por “nervosismo”, histeria, etc.) são de origem psíquica e exigem, obviamente, um tratamento da alma... o padecimento do doente vem da alma, de suas funções mais complexas e mais profundas que mal ousamos incluir no campo da medicina. (JUNG,2007, p.01).
A Vida e a Obra de Carl Gustav Jung lhe deu credenciais para considera-lo o “Pai-fundador da Nova Era”. É conhecido no mundo acadêmico pelos seus conceitos revolucionários como o Inconsciente coletivo, o self [8], a teoria do arquétipo, da sincronicidade, do anima[9] e animus[10] e de tantos outros conceitos que lhe atribuíram credenciais importantes e como um dos mais brilhantes pensadores do século XX.
As dimensões exotéricas e os ensinamentos de Jung contribuíram para que o mesmo se tornasse uma figura ímpar e mais conhecido por seus conceitos revolucionários. Teve uma experiência extremamente rica de subjetividades, participou de sessões espíritas, porém na presente contemporaneidade ainda percebe-se que esse lado Junguiano não é divulgado nos bancos das universidades devido ao não reconhecimento dessas questões por parte das teorias do conhecimento. Logo, baseada nessa contextualização fica compreendido que o cientista das causas profundas incorporou na sua teoria a astrologia, as tradições exotéricas e ainda colaborou em pleno século XX com J.B.Rhine, um exímio pesquisador e pioneiro da percepção extra-sensorial.
Então, fazer uma formação científica no IJBA 2014/2016 foi, de fato, um divisor de águas para complementar as nossas ferramentas curativas não somente como Assistente Social do Ministério da Saúde, mas como terapeuta das Oficinas da Alma & Consultorias Transpessoal no Contexto Junguiano.
Do Século XX ao XXI.
E foi assim que Jung (2006), definiu a alma humana, talvez até baseado nas suas subjetividades enquanto caladas da noite cósmica ou psicoterapeutizando os seus pacientes em Zurique. Observando igualmente alguns episódios suprarreais, vivências pessoais, conexões mente-matéria e realidade psicofísica no espaço-tempo de um processo numinoso:
Se a alma do homem é ALGO, deve ser infinitamente complicada e de uma diversidade ilimitada, impossível de ser aprendida por uma simples psicologia dos instintos. É com a mais profunda admiração e com o maior respeito que, mudo, posso considerar os abismos e os cumes da natureza psíquica os quais povoam o universo não-espacial de uma indizível abundância de imagens, que milhões de anos de evolução viva amontoaram e acumularam organicamente.... Minha consciência é como que um olho que abarca, os espaços mais distantes, mas o não-eu psíquico é aquele de maneira não-espacial preenche esse espaço... (JUNG, 2006, p.481).
Conforme relato fiel de Jung em relação às suas perenes subjetividades no século XX foi observado que os sentires acima descritos se anteciparam ao seu tempo e que em pleno século XXI invadem a alma de alguns humanos, as buscas dos mestres universitários e pesquisadores nos bancos das universidades. Os sentires extremamente importantes para que as novas gerações se habilitem e alcancem com sabedoria compreender o inconsciente, psicoterapeutizando pessoas ou sendo psicoterapeutizados. Individualizados, até...
E em pleno século XXI a história da humanidade muda a passos céleres. E esses sentires continuam reverberando na visão dos estudiosos da Psique, do Universalismo Espiritual, da Medicina Positivista, da Física Quântica e em tantas outras ciências, como “mudanças de paradigmas”... É tanto que, os estudiosos da teoria da Transpessoalidade, compreenderam que tanto esses métodos, como os modelos de explicações e interpretações de uma realidade, configuram em toda a sua vastidão como os conteúdos das explicações e interpretações da realidade circundante e que por assim dizer são aceitos pela sociedade por um determinado tempo. Logo a junção desses dois vocábulos dar-se o nome de “mudanças de paradigmas”. Com a indicação das suas crenças, de seus valores, dos seus procedimentos e técnicas no consenso de uma comunidade determinada. Isso é, de fato e, ao nosso modo de ver, uma fiel definição de “paradigmas” em plena contemporaneidade.
E em tempo de “mudanças paradigmáticas” (um termo usado por Thomas Kuhn), observe a visão científica do médico Richard Gerber em relação aos sentires acima descritos: “o paradigma einsteiniano quando aplicado à medicina, vê os seres humanos como redes de complexos campos de energia em contato com os sistemas físico e celular. A medicina vibracional utiliza formas específicas de energia para atuar de forma positiva sobre os sistemas energéticos que possam estar desequilibrados devido as doenças”. (GERBER, 2007, p.33).
Partindo dessas considerações ora descritas por Gerber compreendemos que o reequilíbrio dos campos energéticos dos humanos fragilizados em toda a sua vastidão contribuem para revigorar os corpos físicos e sutis dos fragilizados. E ainda restauram a ordem dos ciclos energéticos a partir de um patamar mais elevado de cura quântica como as interações humanísticas em terapias Holísticas e Transpessoal.
Na época medieval, por exemplo, a visão do homem era orgânica. Os conceitos vigentes da ciência eram baseados na Razão e na Fé buscando, apenas, a compreensão do significado das coisas. A noção de um Universo orgânico, vivo e espiritual foi sendo paulatinamente modificado, e ao invés de um Mundo-Máquina, ele foi sendo transformado na metáfora dominante da “Era Moderna” e pelas novas descobertas na Física e na Astronomia.
O paradigma newtoniano–cartesiano dos séculos XVI e XVII denominado pelos historiadores como “Idade da Revolução”, caracterizou-se pelas propriedades no que diz respeito à importância da experiência adquirida, apenas, pelos cinco sentidos humanos: raciocínio lógico indutivo e dedutivo; busca da ordem; conformidade; uniformidade e objetividade; relações causais entre os eventos; reversibilidade; regularidade e controle; o observador (homem), neutro e imparcial.
Esta nova visão de compreender o homem e o mundo configura-se em um momento de crise. O da transformação, da reestruturação e evolução, pois em verdade essa evolução é marcada pela transição do paradigma newtoniano-cartesiano para um novo paradigma, o paradigma Transpessoal, e que por assim dizer está sendo aos poucos edificado. Transformado na visão integral do ser humano em toda a sua vastidão. No entanto, observa-se que essa mudança é demorada, o que faz com que ainda tenhamos uma visão fragmentadora da realidade no espaço e no tempo. Contribuindo para aquela visão geradora de conflitos. Logo, imaginamos que, de acordo com os estudiosos desses temas Transpessoais, é questão de tempo para o novo paradigma se tornar dominante.
Diríamos que esse paradigma é base de nossa percepção consciente, todavia não é toda vez que o inconsciente é mais aproximado de um paradigma holístico-quântico mas o pensamento Transpessoal vem aos poucos encontrando o seu lugar no século XXI, enquanto teorias do conhecimento e nos bancos da universidade.
De acordo com Stanislav Grof, esta evolução de paradigmas na psicologia é consequência das contribuições realizadas através dos estudos e pesquisas de Carl Gustav Jung ao conceder que a psique compõe-se de três níveis de atuação interatuantes entre si; “a consciência”, “o inconsciente pessoal” e “o inconsciente coletivo”.
Na visão Junguiana a “consciência” é a única parte da mente conhecida pelo indivíduo. Logo, o cientista observou que essa percepção consciente se faz presente no existir das crianças e se expande dia após dia por força de outros sentires como o “pensamento”, o “sentimento”, a “sensação” e a “intuição”. Percepções essas que cada criança exercita durante o seu crescer e a depender do tipo “pensativo ou sensitivo” significativamente distinto do perfil psicológico de uma, a outra criança.
O “inconsciente pessoal” foi pontuado com bastante sabedoria no contexto Junguiano como sendo um repositório do material psíquico reprimido. Isto porque eles contêm todas as atividades do dia a dia e que por assim dizer não se harmonizaram com a individuação ou função consciente. Conteúdos estes que foram reprimidos como os conflitos pessoais, as tristezas, os problemas existenciais, e tantos outros sentires mal resolvidos.
Então, nessa sintonia ficou entendido que todos esses sentires mal resolvidos em termos pessoais ficam armazenados no inconsciente pessoal. Isto porque ele funciona como um banco de dados da memória. Entretanto, as experiências da sacralidade interior que não foram vivenciadas durante o dia podem perfeitamente aparecer nos sonhos das noites cósmicas. Na realidade é o “inconsciente pessoal” que desempenha um papel fundamental na produção dos sonhos. Por outro lado, a configuração do “inconsciente coletivo” transformou o Jung numa das figuras mais controvertidas do século XX ao dar seguimento a um estudo que fora iniciado por Freud em 1890.
Com um novo olhar e numa retrospectiva do Ser e do Existir a partir dos conceitos Junguianos, fica extremamente compreendido que essa evolução de paradigmas na psicologia corresponde às contribuições dos estudos e pesquisas do psiquiatra junto aos seus pacientes em Zurique. Logo, observe os sentires do Stanislav Grof um dos estudiosos dessa sintonia científica:
Durante toda uma vida de sistemático trabalho clínico, Jung demonstrou que o modelo freudiano da psique humana era muito acanhado e limitado. Reuniu convincente evidência, demonstrando que devemos olhar muito mais além da biografia pessoal e da consciência individual para que possamos compreender a verdadeira natureza da psique. (GROF,2000, p.1).
E dando segmentos a esses sentires acima descritos, com o avanço da Física Moderna e da Psicologia, a visão sobre a consciência foi se ampliando e no paradigma emergente ela é vista como parte integrante da estrutura universal, onde o Micro contém o Macro. Isto porque para os historiadores da psique a perspectiva, a consciência e a psique são Cósmicas e Criativas, sendo parte do Cosmo. Por outro lado, são as sagradas expressões e reflexos de uma inteligência que permeia todo o Existir e consequentemente todo o Universo e, é; por isso, que os psicólogos abaixo descritos se expressam com maestria sobre esse paradigma emergente:
A Psicologia Transpessoal não visa apenas aqueles conteúdos da mente pertinente ao nível psicodinâmico (relativo à biografia do indivíduo) nos estados usuais da consciência; vai além averiguando e dimensionando conteúdos de níveis mais profundos, como os da vida intrauterina (perinatais), memórias atribuídas a experiências de vidas passadas, vivências arquetípicas, percepção de unidade cósmica, estados de êxtase e toda experiência humana proveniente de sua dinâmica interior.(FERREIRA, BRANDÃO, MENEZES,2005, p.71).
E em relação aos conceitos acima pontuados vale ressaltar em tempo hábil ao título das experiências Transpessoais, vivenciadas por Carl Gustav Jung (2006) e que foram descritas em suas “Memórias, Sonhos e Reflexões” como os sonhos recorrentes, as experiências de quase-morte, as premonições, as precognições e tantos outros eventos suprarreais. Episódios extremamente importantes para a presente contemporaneidade enquanto teorias do conhecimento. Importâncias nas quais, o cientista se antecipou ao seu tempo e que por assim dizer coadunam com as experiências vivenciadas no século XXI pelo psiquiatra Grof. Logo, observe:
Como resultado desse desenvolvimento, na primeira metade do século 20 a psicoterapia era praticamente sinônimo de falar-entrevistas face a face, livres associações no divã e o desenvolvimento behaviorista. Simultaneamente, os estados holotrópicos, inicialmente vistos como uma eficaz ferramenta terapêutica, foram associados à patologia e não a cura. Essa situação começou a mudar nos anos 50, com o aparecimento da terapia psicodélica e com as inovações radicais na psicologia. Nessa época um grupo de psicodélicos americanos liderados por Abraham Maslow, insatisfeitos com o behaviorismo e a psicanálise freudiana, lançaram um novo movimento revolucionário, a psicologia humanista. Em pouco tempo, esse movimento tornou-se muito popular e criou o contexto para um largo espectro de terapias baseados em princípios inteiramente novos. (GROF,2000, p.28).
Baseado nessa contextualização e de perene atualidade fica compreendido que alguns psicoterapeutas já diferem da Antiguidade, enquanto em suas ações científicas usam como meios de tratamentos a verbalização; os aplicativos da Psicologia Transpessoal como as expressões emotivas para constelar conflitos submersos nos porões do inconsciente.
E atualmente, com o advento da terapia Transpessoal no contexto Junguiano, observa-se que os terapeutas aplicam várias técnicas em seus espaços e enquanto processos de Individuação e Fortalecimento do Ego associadas às técnicas do Holismo Transpessoal e Energético.
Logo, máxima a conclusão a que chegamos: a terapia Transpessoal avança e vem ganhando o seu espaço nos bancos acadêmicos do Brasil e do exterior. E como uma prova concreta de que esse novo paradigma é viável e já está sendo recomendado em vários congressos da Psicologia Transpessoal como uma nova modalidade de cura.
De 03 a 07 de setembro de 2015 foi levado a efeito no Hotel Deville Salvador, o “Congresso Transpessoal Internacional Florescer da Consciência” sob a chancela da ALUBRAT-Associação Luso-Brasileira de Transpessoal. Observamos que nesses três dias de intensos estudos e avaliações nacional e internacional aqueles historiadores da psique, estudiosos e docentes da Transpessoalidade fizeram várias explanações sobre os eventos reais e suprarreais; como as publicações de episódios reais e suprarreais vivenciados por humanos em seus consultórios particulares.
Estiveram presentes vários ícones da espiritualidade de Salvador e da UNIPAZ/BAHIA: e, a saber: André Peixinhos, graduado em medicina, analista Junguiano e Gestor da Federação Espírita de Salvador, Kaká Werá Jecupé; indígena escritor, educador, ambientalista e com notório saber em Antropologia com abordagens Transpessoais pela UNIPAZ (Universidade Holística da Paz); Roberto Crema, UNIPAZ-RJ; Vera Saldanha, psicóloga Transpessoal e gestora da ALUBRAT e tantos outros como médicos, psicólogos, estudantes de várias áreas, escritores, agentes e simpatizantes da Transpessoalidade Holística Nacional e Internacional; munidos das suas teses para divulgar experiências no dia a dia dos seus estudos face a expansão da Psicologia Transpessoal no Brasil e no mundo.
Entendemos que todas essas travessias nos levam a crer que a exposição sobre os sonhos recorrentes, as premonições, intuições exacerbadas, constelações familiares, hipnoterapias clínicas e, principalmente os episódios dos fenômenos paranormais em pleno século XXI ganharam o espaço científico naquele evento de cunho altamente científico e transformador.
A abrangência nacional e internacional dos estudiosos da psique humana, docentes, palestrantes e historiadores da Física Quântica defenderem as suas “Teses Evolutivas” dentro de um novo paradigma no espaço-tempo, principalmente no que se refere aos episódios experienciados por “clientes especiais” em pleno século XXI.
Entendemos que os estudiosos da Transpessoalidade já sentem os efeitos positivos dos conteúdos da Psicologia Transpessoal, “A Quarta Força em Psicologia” para adicionar às suas ferramentas terapêuticas. Em verdade, o ser humano configura em sua inteireza um amarfanhado de reações químicas e para entender esse amarfanhado de reações, é preciso também compreender as sutilezas reais e suprarreais daquele Ser e daquele Existir conflitado ou quando fragilizados em completude. E é por isso que alguns profissionais da contemporaneidade lotam os cursos de Pós-Graduação do Distrito Federal, Salvador, Minas Gerais, São Paulo e Porto Alegre para aderir a esses saberes científicos, ligados à Psicologia Transpessoal, à Física Quântica e ao Além-Materialidade. Haja vista que os cursos Holísticos e Transpessoais ora descritos, avançam no Brasil principalmente via UNIPAZ do Distrito Federal e através da “Avipaz Pierre Weill”, a entidade pedagógica que se estendeu por vários países agregando valores humanísticos como “a arte de viver em paz consigo mesmo, com os outros” ... e com a natureza circundante.
“Jogo a garrafa ao mar”. Quem a encontrar que apanhe a mensagem nela contida, e, se, quiser e achar oportuno e viável, beneficie a si mesmo e a própria humanidade... (WEIL,2012).
A terapia Holística e Transpessoal é um método de tratamento científico sob o olhar da Psicologia e da Psicopatologia num determinado contexto clínico. Essa junção científica ajuda a realizar mudanças profundas e significativas no Ser e no Existir das pessoas fragilizadas em completude e inteirezas. Contribui, sobremaneira, para desfazer as atitudes negativas dos nossos pares nas questões do medo, ansiedade, depressão e igualmente das crenças distorcidas que provocam desconfortos, angústias, conflitos, sofrimentos reais e suprarreais enquanto nesse planeta azul. Enfim, essa ciência curadora da mente humana, elimina os sentimentos que pesam nas dificuldades existenciais de um Ser enquanto Ser. Sujeito e artífice da história.
O desenrolar desse processo terapêutico teve em si as suas formas de ser aplicada como uma terapia propriamente dita em Consultorias Transpessoal. Deste modo, percebemos a grande aceitação, e procura desse tipo de terapia, principalmente nos questionamentos sombrios dos indivíduos nos grupos de autoajuda, das “crianças especiais”, dos adolescentes e idosos portadores da “síndrome do ninho vazio”.
Convém ressaltar que é observado por parte do terapeuta que os primeiros contatos com um cliente fragilizado se transformam pouco a pouco num tipo de “procedimento dialético”, e que de acordo com a psicologia Junguiana essa interação assim se resume:
Discussão entre duas pessoas originalmente a dialética era a arte da conversação entre antigos filósofos, mas logo adquiriu o significado de método para produzir novas sínteses. A pessoa é um sistema psíquico, que, atuando sobre outra pessoa, entra em interação, com outro sistema psíquico. (JUNG,2007, p,10).
Por outro lado, a prática Transpessoal no contexto Junguiano consiste também na interação entre os sistemas psíquicos. Configura-se através dos aplicativos e do diálogo entre cliente e terapeuta. Um interagir “numinoso” intercalado com aplicativos de Vidas Passadas, Desenho de Mandalas, Hipnoterapia Clínica, Constelações Familiares, Meditações Criativas, Reflexologia Podal e Acupuntura sem Agulhas, vide figura 4. E nessa frequência científica observe o contexto Junguiano enquanto atuação terapêutica:
O psicoterapeuta não tem que tomar conhecimento apenas da biografia do paciente, mas também das condições espirituais do seu meio ambiente próximo e remoto, em que permeiam influências tradicionais e filosóficas que frequentemente desempenham um papel decisivo. Nenhum psicoterapeuta seria empenhado em compreender o homem inteiro, ficará dispensado de entender-se com o simbolismo da linguagem dos sonhos. (JUNG,2007, p.1).
Se observarmos esse contexto Junguiano e no que diz respeito à interpretação dos sonhos por parte do sonhador, entendemos que esses subsídios nos dão material suficiente para direcionar aquele cliente a se auto avaliar a partir dos seus sonhos, das suas conexões mente-matéria e realidade psicofísica. Pois, em verdade, a interpretação dos sonhos por parte de um sonhador da noite cósmica tem uma função fundamental para o Ser e igualmente para o Existir dos conflitados. Isto porque esses simbolismos são fenômenos naturais e que por assim dizer “não mentem”, “não iludem”, “não deformam”. E nem diferem dos conteúdos que constelam:
O sonho é uma porta estreita, dissimulada naquilo que a alma tem de mais obscuro e Íntimo; essa porta se abre para a noite cósmica original, que continha a alma muito antes da consciência do eu que a perpetuará muito além daquilo que a consciência individual poderá atingir. (JUNG,2006, p.496).
Na visão Junguiana os sonhos são considerados de suma importância nas questões do Ser e do Existir. Isto porque os seus conteúdos podem dizer algo a respeito das preocupações no entorno do sonhador, porém na maioria das vezes, não concedem conteúdos iluminados que possam atingir com profundidade a mente daquele sonhador. Portanto, observe essa citação postada por Marie-Louise (1932/1992), enquanto uma das discípulas de Jung.
Os sonhos fornecem informações extremamente interessantes a quem se empenhar em compreender o seu simbolismo. O resultado, na verdade, pouco tem a ver com preocupações mundanas como comprar e vender. Mas o sentido da vida não é explicado pelos negócios que se fez, assim como os desejos profundos do coração não são satisfeitos por uma conta bancária. (FRANZ, 1990, p.21).
Então, de acordo com esses sentires compreendemos que os sonhos são processos psíquicos e dotados de uma sabedoria impressionante. As experiências demonstram que eles sempre se esforçam por exprimir algo que o Eu desconhece e nem compreende.
Como parte integrante da nossa formação no IJBA, achamos por bem colocar na linha de frente do nosso saber científico alguns itens do processo terapêutico de uma cliente “homoafetiva” e extremamente sonhadora; cujo estudo clínico foi levado a efeito em 2009, enquanto estagiária do curso de Pós-Graduação do Grupo Ômega chancelado pelo Instituto de Ciência da Saúde de Minas Gerais (INCISA/MG).
O estudo desse caso clínico contou com a supervisão científica do psicólogo Mário Rodrigues Risso, diretor do Grupo Ômega, terapeuta Holístico e Transpessoal. Dentro desse contexto científico e em termos mais amplos tomaremos como nossas, as palavras dos psicólogos e terapeutas transpessoais Ferreira, Brandão e Menezes (2005) quando assim se expressaram sobre o existir dessa nova modalidade terapêutica:
A partir de 1969, A Psicologia Transpessoal, chamada a Quarta Força em Psicologia, desponta como um movimento sistemático. Aparece como uma espada de Alexandre, ajudando a abrir um imenso flanco na cultura newtoniana-cartesiana, rompendo com os modelos dominantes em Psicologia, no que diz respeito à redefinição do homem e a sua relação com o meio. Implementando assim, as sementes da integralidade da realidade e o homem compreendido numa rede ecológica que em suas últimas consequências ampliar-se-ia até o Kosmos. (FERREIRA; BRANDÃO; MENESES, 2005, p.71).
Então, coadunando com os sentires dos terapeutas acima referendados observe essa outra pontuação sobre a ciência Transpessoal no que diz respeito aos estados alterados de consciência que transcendem a personalidade e o conceito de ego, chamados por Stanislav Grof de “estados não comuns de consciência”.
De fato, esses estados sutis são amplos, gerais e incluem uma variedade de condições que são de interesses para esta perspectiva. Grof, focaliza os seus estudos apenas em um subgrupo que difere do restante, tanto na saúde como na doença e representa, sobremaneira, um notável potencial terapêutico e transformador. Para esse subgrupo, ele titulou de holotrópicos, do grego holos[11], que significa totalidade, inteireza, e trepien[12] que significa indo em direção a algo. Portanto, os estados holotrópicos representam para a psiquiatria uma revolucionária forma de enxergar, aprender e tratar o ser humano, que a cada dia necessita de cura.
No acompanhamento de um caso clínico, os terapeutas Transpessoais podem aplicar várias técnicas curativas. No entanto, quando as “queixas” extrapolam a realidade psicofísica; a noção ampliada que incorpora o aspecto psíquico pode-se aplicar outros métodos e técnicas. E, se, o cliente assim o permitir aplicamos a Respiração Holotrópica e tantas outras. Grof, utilizou essa técnica na tentativa de promover a sua auto individualização em algum momento do seu existir pensante:
Nos estados holotrópicos, ocorre uma mudança qualitativa de consciência, de forma profunda e fundamental... permanecemos totalmente orientados em termos de espaço-tempo e não perdemos totalmente o contato com a realidade diária. Ao mesmo tempo nosso campo de consciência é invadido por conteúdos de outras dimensões da existência que podem ser muito interessante e até mesmo avassalador. (GROF,2000, p.18).
Para que a Terapia Transpessoal seja aplicada de modo eficaz torna-se necessário a supervisão do caso clínico, pois a supervisão dessa prática é a etapa culminante do treino do terapeuta em GRUPO ÔMEGA /INCISA/MG. A nossa prática ocorreu em 2009 e foi toda vivenciada sob o olhar científico do Psicólogo e Terapeuta Transpessoal, Mario Risso.
Daí ficou compreendido que saber ouvir é uma das ferramentas básicas nos processos da Individuação e Fortalecimento do Ego das pessoas fragilizadas e com dificuldades emocionais em várias situações do Ser e do Existir. Corresponde a uma excelente arte e é, movida por atitudes positivas e que por assim dizer devem ser contempladas no ato do primeiro atendimento clínico. Isto porque o terapeuta Transpessoal vai lidar diretamente com a individualidade do seu cliente e interagir com ele na estrutura da sua personalidade para possibilitar o processo da autocura.
A Teoria da Psicologia Junguiana nos ensina a lidar com vários conceitos direcionados à cura da alma humana. Conceitos estes que foram elaborados por Jung quando psicoterapeutizava os seus pacientes em Zurique, principalmente no que se refere à psique, à consciência, ego, inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, complexos, arquétipos, persona, sombra, self, anima e animus. Esses conceitos desde que bem aplicados por um terapeuta podem perfeitamente curar a alma humana com responsabilidade e mestria.
Diante de todos esses conceitos referenciados e acima descritos iremos nos deter mais cientificamente nos arquétipos anima e animus, os conceitos que durante muitos anos fazem morada na experiência da sacralidade interior de Zaira e de Leda, duas mulheres casadas e que de repente resolveram partir para uma nova relação dentro da homoafetividade, um dos novos relacionamentos considerados abertos e até então vivenciados na contemporaneidade por alguns mortais.
A homoafetividade desponta em nossa sociedade a passos céleres e é com todos os seus matizes e cores. Entretanto, existem algum homofóbicos que criticam essas relações, ou seja, fazem zombarias e tantas outras maldades alimentadas, talvez por suas mentes não expandidas. O fato é que esses humanos discriminam e até os eliminam violentamente pelo simples direito de querer amordaçar ou ofender esses comportamentos “ditos sombrios” ...
Jung (2006) pontuou em sua teoria profunda que a anima e o animus configuram em sua totalidade a personificação da natureza feminina do inconsciente do homem, e igualmente a personificação da natureza masculina do inconsciente da mulher. Por outro lado, o cientista ainda refuta que esses sentimentos bissexuais da psique correspondem a um fato ou a um reflexo de origem biológica, visto que o maior número de gens masculinos ou femininos é que determina os sexos. Entendemos que esses sentires inconscientes deixam transparecer na individualidade das pessoas acometidas desses sinais alguns gestos masculinos nas mulheres, e femininos nos homens.
Logo, para maior concepção desse contexto científico ele assim se expressou com mestria em pleno século XX:
Desde a origem, todo homem traz em si a imagem da mulher; não a imagem desta ou daquela mulher, mas a de um tipo determinado. Tal imagem é, no fundo, um conglomerado hereditário inconsciente, de origem remota, incrustado no sistema vivo, tipo de todas as experiências da linhagem ancestral em torno do ser feminino, resíduo de todas as impressões fornecidas pela mulher, sistema de adaptação herdado. O mesmo acontece quanto à mulher. (JUNG, 2006, p.483).
O estudo do nosso caso clínico em Grupo Ômega 2009, documentado logo a seguir, configura para nós uma experiência terapêutica com sucesso e seguiu os ditames estabelecidos pela Terapia Transpessoal no Contexto Junguiano.
Neste estudo de caso clínico foram utilizados os conceitos da teoria da Transpessoalidade sob o Contexto Junguiano considerando os seus fundamentos científicos e os constituintes que compõem as ferramentas básicas da qual o terapeuta Transpessoal pode dispor para tratar a sua clientela, enquanto desconectada da realidade psicofísica e conexões mente-matéria no espaço-tempo. Observe a relação das personagens na íntegra desse caso clínico; uma experiência que deu certo em pleno século XXI.
Para conhecer a relação das pessoas envolvidas dentro do processo “homoafetivo” necessário torna-se que se conheça a individualidade da cliente, os seus relacionamentos dentro e fora do grupo familiar. Suas queixas reais e suprarreais, suas dúvidas, quereres, questionamentos, mistérios e indagações. Enfim, é de suma importância que o terapeuta Transpessoal esteja atento a todos os sinais para identificar quais as dificuldades e emoções que desconectaram-na de vivenciar um existir real e suprarreal dentro da sua realidade- mundo.
Na teoria da psicologia Junguiana, a Individuação assim foi pontuada: “significa tender a tornar-se um ser realmente individual; na medida em que entendemos por individualidade, a forma da nossa unicidade, a mais íntima, nossa unicidade última e irrevogável; trata-se da realização do si mesmo, no que tem de mais pessoal e de mais rebelde a toda comparação... realização de si mesmo, realização do si mesmo”. (JUNG,2006, p.489 e 490).
Zaira, (40 anos) é um ser humano extremamente sensível e buscador. Egressa de dois relacionamentos heterossexuais. É cabeleireira, e vive em busca outros derivativos de vida para se autodeterminar, se deixar individualizar, expandir a sua consciência para compartir. E decididamente evoluir e crescer.
Leda, (70 anos). Está casada. Tem marido e netos. Mora com uma família numerosa, mas sempre gostou de namorar mulheres mais jovens. Lida frequentemente com magia negra e encantamentos, e nos dias de lua cheia fazia o “despacho” nas encruzilhadas. E em datas destinadas a esse sincretismo religioso promove festas. Recepciona os amigos; e entre eles, alguns grupos da polícia local. Atende pessoas de alto poder aquisitivo da Pituba e do interior. Todos os seus assistidos recebem as benesses “ditas ocultas”, dentro do campo da magia negra. Cada atendimento mágico custando em torno de R$ 200,00.
Conforme Zaira, o local dos atendimentos é todo decorado com os símbolos do candomblé. No entanto, a sua companheira vive emocionalmente desequilibrada. É possessiva, egoísta, manipuladora, ciumenta e violenta. No entanto, a nossa cliente assumiu através das suas personas esse relacionamento conturbado e interage de modo agressivo e “desmantelado” em relação à sua companheira Leda.
Por outro lado, a nossa cliente abraçou esse relacionamento conturbado a troco de moradia, alimentação e capacitação profissional. Experienciavam este relacionamento promovido através de um agenciador de casos amorosos. Para conviver essa relação, a Zaira abandonou os familiares. Deixou a sua única filha no interior do estado, e entregou-a aos cuidados dos avós.
Na entrevista diagnóstica foram observados nos aspectos sindrômicos, os sinais de constantes crises de depressão, amargura e solidão. Os sentires que a deixavam com a autoestima em baixa. Relatou que a maioria dos dias vivia pálida e que ao despertar pela manhã não tinha ânimo para raciocinar e nem trabalhar. Sofria sérias crises de choro, e por causa desses sentires ela Experienciava dentro de si um sentimento mórbido que a perseguia, enquanto nesse relacionamento totalmente desajustado.
Na teoria Junguiana, os relacionamentos “sombrios” prejudicam o Ser e o Existir das pessoas conflitadas. Visto que a “sombra” é a parte inferior da personalidade. Soma de todos os elementos psíquicos pessoais e coletivos que, incompatíveis com a forma de vida conscientemente escolhida, não foram vividos e se unem ao inconsciente, formando uma personalidade parcial, relativamente autônoma, com tendências opostas às do consciente. A sombra se comporta de maneira compensatória em relação à consciência. Sua ação tanto pode ser positiva como negativa...a sombra é aquela personalidade oculta, recalcada, frequentemente inferior e carregada de culpabilidade.... (JUNG,2006, p.495 e 496).
De fato, de acordo com o conceito acima descrito, o arquétipo Sombra reverberava na experiência da sacralidade interior de Zaira de modo negativo, deixando-a no seu dia a dia com uma sensação de recalque e carregada de sentimentos inaceitáveis; e ainda recheados de culpabilidades. Isto porque a sua convivência “homoafetiva” já não a satisfazia mais, e para tanto, ela ainda aspirava uma nova relação. Sem precisar interagir diante dos seus pares, do mundo e do Universo fazendo uso desses sentimentos negativos. Enfim, a nossa cliente queria partir para conhecer novos ares e diante de pessoas equilibradas em suas relações com o mundo e com o Universo. Pretendia sair do país.
O quadro homoafetivo dessas mulheres configurou a sua “queixa” principal como “momentos sombrios”; motivo pelo qual a cliente buscou ajuda terapêutica. E, por outro lado, nos levou a inferir que a cliente vivia desconectada da sua realidade psicofísica, pois não conseguia perceber de modo sutil que através das suas conexões mente-matéria, ela poderia perceber que existe uma “energia maior” que permeia a todos nós e que por assim dizer poderia até reabastecer de modo vital a sua experiência interior e consequentemente promover bons ares no entorno de si mesma.
Em seu primeiro atendimento observamos que a cliente estava bastante tensa. Vestida com modéstia e não olhava diretamente para o terapeuta. Sua voz estava levemente embargada e enquanto revelava as suas dificuldades emocionais chorava copiosamente.
A sua única filha foi fruto de uma união heterossexual. Foi uma gravidez de modo inesperado, porém manteve a gestação até o fim sob o amparo dos familiares. Quando iniciou o apoio terapêutico a moça tinha 20 anos de vida e vivia reclamando da figura paterna insuficiente. Contudo, apesar dos pesares a cliente fixou moradia em Salvador sob a configuração de uma relação homoafetiva e a troco de casa, comida e tantas outras oportunidades; como por exemplo, fazer cursos de podologia e de estética facial. No entanto, a partir de alguns anos esses “aditivos - relação”, foram sendo negligenciados pela companheira. E já não soavam muito bem nos sentires de Zaira. E assim sendo, geravam vários descontentamentos no dia a dia dessas relações. Convém ressaltar que, para o público e familiares essa união era disfarçada como uma relação amigável entre tia e sobrinha. Logo, diante do público, ela interagia de modo inconsciente através das suas personas.
Na teoria Junguiana, o arquétipo Persona assim se resume: “designa originalmente, no teatro antigo, a máscara usada pelos atores... é o sistema de adaptação ou a maneira por que se dá a comunicação com o mundo. Cada estado ou cada profissão, por exemplo, possui a sua persona característica... o perigo está, no entanto, na identificação com a persona; o professor com o seu manual; o tenor com sua voz... pode-se dizer, sem exagero, que a Persona é aquilo que não é verdadeiramente, mas o que nós mesmos e os outros pensam que somos”. (JUNG, 2006, p.492).
De fato, no decorrer da terapia diagnosticamos que vários elementos contribuíram para desgastar a relação Zaira/Leda, como por exemplo, falta de apoio financeiro, aprisionamento nas relações contra os familiares maternos, amigos clientes, e até brigas com discursões violentas, pois em certa ocasião a vizinhança chamou a polícia para debelar tanta agressividade e até silenciar os palavrões.
Apesar de tantos revezes da sorte, a Zaira foi fortalecendo o ego através da terapia; reconhecendo os seus valores, tentando sair dessa relação sombria, melhorando a sua autoestima e fazendo as suas especializações em podologia e estética. Por outro lado, ela ainda exercia esses ofícios num salão de beleza vizinho à sua moradia. Relatava até para a sua clientela que morava com uma tia tentando disfarçar o seu relacionamento “homoafetivo”.
Apesar da sua juventude não conseguia fazer amigos. Passear, enquanto que a sua companheira saia todo final de semana para Itaparica; espairecer com o marido, filhos e netos.
Zaira desejava ardentemente recomeçar uma nova vida, mas fora do país. E durante a terapia ela foi identificando os prós e os contras dessa relação. Fortalecendo os seus corpos físicos e sutis para tomar as suas novas decisões em relação aos seus relacionamentos com a Leda. Extremamente sensitiva e amorosa a Zaira recitava diariamente os seus Mantras, aterrava chacras, meditava e renovava os seus sentires para buscar os seus novos caminhos com sabedoria e mestria.
O objetivo primordial da terapia Transpessoal é despertar o cliente rumo ao processo da sua individuação. E fortalecimento do ego. Por outro lado, uma das técnicas mais utilizadas por nós enquanto psicoterapeutizando Zaira foi o aplicativo do desenho das Mandalas. Uma das técnicas utilizadas na psicologia Junguiana para constelar os conflitos submersos no inconsciente. Na teoria Junguiana esses desenhos uma vez elaborados constelam conflitos:
Mandala (sânscrito) círculo mágico... símbolo do centro, da meta, e do si mesmo, enquanto totalidade psíquica: auto representação de um processo psíquico de centralização da personalidade, produção de um centro novo desta última... as Mandalas aparecem mais frequentemente... em situações de perturbações e indecisão. (JUNG, 2006, p.490 e 491).
Então, os desenhos das Mandalas de Zaira sempre foram extremamente coloridos; isto porque as suas projeções marcavam a presença do sol nascente e do mar cujas interpretações nos levavam a compreender que esse processo representava o confronto com o seu inconsciente. E nesse processo terapêutico vivenciado pela nossa cliente, tentávamos conscientizá-la, individualiza-la e fortalecer o seu ego sob uma visão dos arquétipos pontuados por Jung e ora descritos como a sombra, a persona a anima e o animus.
Observe que os dois primeiros arquétipos já foram referendados anteriormente nesse texto, porém na terapia ora publicada os dois conceitos que alimentavam de modo inconsciente o existir das personagens envolvidas além de tantos outros, foram os arquétipos anima e o animus.
O tema em epígrafe, foi pontuado e testado por Jung em pleno século XX. Convém ressaltar que os sentires de Zaira deixavam-na numa situação complicada e ao mesmo tempo aprisionada devido àquela relação sombria. Durante o processo de individuação, a Zaira interagia com os seus pares através das suas personas, das suas sombras e esses arquétipos viviam recheadas por outros arquétipos como o da anima e do animus num relacionamento extremamente conflitado, enciumado, agressivo, brutal.
Jung (2006) pontua que o arquétipo anima corresponde em sua completude o lado feminino da psique masculina no sentido psicológico das atitudes e pensamentos. Já o animus corresponde ao lado masculino na psique feminina e com os mesmos referenciais no espaço e no tempo. Por outro lado, esses sentires foram desenvolvidos nos relacionamentos homem-mulher ao longo da existência. Enfim, durante as gerações uns com os outros. E nessa frequência o Jung pontuou que todas as pessoas quando nascem já possuem características do sexo oposto, isto é, uns interagem sob as ações desses arquétipos para mais ou para menos. Isto porque essas características correspondem às respostas adequadas e a compreensão do sexo oposto.
Assim sendo, fica compreendido que esses arquétipos anima e animus, continuam reverberando na presente contemporaneidade nas questões da sacralidade interior de alguns humanos. No entanto, esses mesmos sentires vivem recheadas de discriminações e de preconceitos por parte dos “homofóbicos” enquanto no espaço - tempo das relações humanas em pleno século XXI.
Nesse interagir humanístico, o Jung pontua que o homem desenvolveu o seu arquétipo anima ao logo do existir e em contatos com mulheres procedentes de múltiplas gerações. E por outro lado a mulher desenvolveu, também, o seu arquétipo animus, através de vários relacionamentos com o sexo oposto. Isto porque ao longo da existência os humanos viveram esses relacionamentos. Facilitaram as suas respostas interativas e adequadas à compreensão do outro sexo. De modo que os arquétipos da anima e do animus, têm por assim dizer grandiosos valores para a sobrevivência humana. Logo, observe essa citação científica do século XX e que é de perene atualidade em pleno século XXI:
Desde a origem o homem traz em si a imagem da mulher; não a imagem desta ou daquela mulher, mas a de um tipo determinado... o mesmo acontece quanto à mulher. Ela traz em si a imagem do homem... A função natural do animus (como a da anima) consiste em estabelecer uma relação entre a consciência individual e o inconsciente coletivo. Analogicamente, a persona empresta uma zona intermediária entre a consciência do eu e os objetos do mundo exterior. O animus e a anima deveriam funcionar como uma ponte ou pórtico, conduzindo às imagens do inconsciente coletivo, assim como a persona representa uma ponte para o mundo. (JUNG,2006, p.483).
A análise de todos esses conceitos científicos no processo terapêutico de Zaira nos concederam a oportunidade de avaliarmos de modo interativo e em todos os aspectos a função de cada um deles na psique e igualmente na estrutura da sua personalidade. O arquétipo do self, por exemplo, pode ser descrito como um fator interno de orientação do Ser e do Existir, isto por que ele tem a capacidade fundamental de regular, de governar até a personalidade dos humanos tornando-a capaz de amadurecer as suas próprias perceptibilidades. Em verdade, os humanos que não conhecem a seu self inconscientemente projetam nos seus pares os conflitos reprimidos oriundos do inconsciente e assim sendo observe esse conceito como um princípio organizador da personalidade:
O self é o principal arquétipo do inconsciente coletivo, assim como o sol é o centro do sistema solar. O self é o arquétipo da ordem, da organização e da unificação ... Quando uma pessoa declara sentir-se em paz consigo mesma e com o mundo, podemos estar certos de que o arquétipo do self está exercendo com eficácia o seu trabalho. (HALL; NORDBY, 2005, p.43).
Então, tudo nos leva a crer que a nossa cliente enquanto tratamento Transpessoal no contexto Junguiano se individualizou e igualmente fortaleceu o seu Ego. E diante de tantos matizes inconscientes e constelados de modo hábil, solicitou a sua alta para seguir viagem rumo a Portugal. Conhecer novos horizontes. Novos relacionamentos e dentro das suas escolhas; pois está vivenciando, uma quarta experiência conjugal e dentro de outra relação heterossexual; feliz, amorosa e de bem com a vida.
Jung pontua que um dos primeiros passos para o conhecimento de si próprio é tratar das suas neuroses. Sem esse processo o ser humano não se realiza, na sua inteireza e completude, como um ser pensante e sujeito da história. Ele sugere até que o terapeuta trabalhe no seu cliente as possibilidades de leva-lo à consciência os seus complexos inconscientes.
Logo, fica compreendido que ainda é possível estabelecer um diálogo entre os novos paradigmas das teorias do conhecimento e o mundo dos espíritos para entender esses questionamentos reais e suprarreais.
Os Congressos Nacionais e Internacionais mostram tudo isso em pleno século XXI; isto é, pessoas com perfis tão especiais e que carregam os conteúdos psicológicos similar a alguns humanos do século XX. Logo, essas experiências do passado nos possibilitam notáveis descobertas e aliam vivencias pessoais com experimentos científicos reveladores. Eliminando tabus, talvez até em relação à psicologia e à medicina positivista dos nossos dias.
De fato, nessa sintonia científica compreendemos que esses complexos inconscientes emergiram para a consciência de Zaira fazendo com que os seus pensamentos, ações e falas ficassem cada vez mais evidentes para ela. Permitindo-a direcionar os seus projetos de vida com cautelas, percepção consciente e segura.
No contexto ora descrito imaginamos que na presente conjuntura a Zaira já tem uma consciência desperta para continuar o seu processo de individuação e fortalecimento do ego, enfrentando as armadilhas do seu inconsciente e igualmente fora do seu país. Compreendeu que ficar atenta aos seus mecanismos de defesa, às suas personas, às suas sombras, enfim aos seus arquétipos que podem emergir a qualquer momento no seu existir, mas sem se deixar desconectar da sua realidade psicofísica no espaço-tempo.
Para essas questões a cliente foi habilitada e, em tempo hábil para recitar os Mantras procedentes da tradicional medicina oriental chinesa e igualmente treinada, para fechar o seu campo eletromagnético, estimular os seus meridianos e renovar as formas-pensamento enquanto nesse Universo azul. Imaginamos também que ao pedir a sua alta ela sentiu-se mais fortalecida e igualmente disposta a se conectar ao Absoluto-Deus, Aquele que nos fortalece, e seguir os rumos do seu existir com sabedoria e maestria.
E nessas travessias no IJBA, e enquanto terapeuta Holística e Transpessoal máxima a conclusão a que chegamos; os conceitos da Teoria Junguiana contribuíram para curar de modo científico a alma humana da nossa cliente, e por outro lado ainda promover o seu reconhecimento, a sua individualidade própria, tal qual o cientista das causas profundas o fez em termos das pesquisas sobre a psique, sobre os vários questionamentos e indagações outras, pois com certeza ainda estarão por vir. E nessa sintonia observe a citação do cientista de perene atualidade e que por assim dizer faz sentido, vide figura 5 ...
“Há coisas que ainda não são verdadeiras, que talvez não tenham o direito de ser verdadeiro, mas que poderão ser amanhã”. (SILVEIRA,2001 p.161).
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